27 julho 2025
O presidente Michel Temer deve tirar a reforma ministerial do papel nas próximas semanas. A informação é confirmada por fontes no Palácio do Planalto e por parlamentares do chamado Centrão – o grupo pressiona para ganhar mais espaço no governo. Temer já comunicou alguns de seus interlocutores no Congresso sobre a intenção de redesenhar a distribuição de cargos de primeiro escalão nos próximos 15 dias. Com as mudanças, o PSDB deve perder dois dos seus quatro ministérios, enquanto PMDB e PP podem ganhar mais espaço.A antecipação da reforma foi revelada neste Domingo, 11, pela “Folha de S.Paulo”. A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo apurou que a ideia inicial do presidente é reduzir o tamanho do PSDB no governo pela metade. Dos quatro ministérios que detêm atualmente – Governo, Cidades, Relações Exteriores e Direitos Humanos -, os tucanos continuariam com dois. Sob forte pressão do PTB e do PP, Temer deve tirar Bruno Araújo (PE) do Ministério das Cidades e Luislinda Valois (BA) dos Direitos Humanos.Antonio Imbassahy (BA) tende a perder a Secretaria de Governo, mas, como se tornou uma figura próxima do presidente, pode ser deslocado para outra pasta. O tucano é alvo de críticas de parlamentares e está desgastado na função por não atender aos pleitos da base. Já Aloysio Nunes Ferreira (SP) deve continuar à frente do Itamaraty.Segundo um integrante da base governista, o objetivo do Palácio do Planalto é tornar a composição do governo proporcionalmente mais justa aos votos obtidos pelos partidos em pleitos importantes. Nesse sentido, o PSDB é visto como uma legenda que entrega menos do que outros partidos aliados ao governo. Os tucanos ficaram divididos nas votações que avaliaram a admissibilidade das duas denúncias penais contra Temer, por exemplo.Com essa reestruturação dos cargos, Temer estaria preparando terreno para dirimir a insatisfação dos congressistas, visando a garantir apoio para uma possível votação da reforma da Previdência. “É uma decisão difícil para o presidente em função da lealdade de alguns tucanos. Mas essa decisão, pelo andar da carruagem, é cada dia que passa mais inevitável”, afirmou o vice-líder do PMDB na Câmara, deputado Carlos Marun (MS).”Todos os partidos que estiveram conosco nessas disputas devem ser aproveitados em conformidade com o grau de sua lealdade. O índice de lealdade hoje passa pelo PMDB, PP, PSC. Uns tiveram mais e outros tiveram menos. Os que tiveram maior porcentual de lealdade devem ser mais valorizados”, afirmou o vice-líder.
Estadão