Foto: Evaristo Sá / AFP
Torquato Jardim 10 de novembro de 2017 | 07:10

Troca na PF enfraquece titular da Justiça

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A escolha do delegado Fernando Segóvia para comandar a Polícia Federal enfraqueceu o ministro da Justiça, Torquato Jardim. Nos bastidores, o PMDB fez pressão para que o sucessor de Leandro Daiello na PF fosse alguém ligado ao partido após a Operação Lava Jato atingir o núcleo político do governo Michel Temer. A cobrança aumentou depois que um relatório da Polícia Federal apontou o presidente como chefe do “quadrilhão” do PMDB. Em setembro, Torquato convenceu Daiello – que já havia pedido para sair e desejava se aposentar – a permanecer no cargo. À época, o nome de Segóvia já era dado como o mais cotado. Ex-superintendente no Maranhão, ele tinha o apoio do ex-senador José Sarney (PMDB-AP). O delegado contava também com o aval do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, investigado na Lava Jato e denunciado pela Procuradoria-Geral da República por obstrução da Justiça e organização criminosa. A denúncia, que inclui Temer e o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral), foi barrada na Câmara. Segóvia foi apresentado a Padilha pelo ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU). As negociações para a troca da direção na PF estavam sendo feitas entre Daiello e Torquato desde que ele assumiu a Justiça, no fim de maio. O então diretor-geral da PF havia sugerido a escolha de um delegado com experiência e bom trânsito na corporação. Em conversas reservadas, Segóvia sempre foi visto como “homem do PMDB”. Torquato queria emplacar o número 2 da Polícia Federal, Rogério Galloro, no comando da instituição, mas não conseguiu. Nesta quinta-feira, 9, um dia após a troca do diretor-geral, Galloro foi nomeado secretário nacional de Justiça, no lugar de Astério Pereira dos Santos. Segundo o ministro da Justiça, Santos pediu demissão, mas isso nada tem a ver com a entrada de Segóvia. “Foi uma questão de foro íntimo”, afirmou Torquato ao Estado. No Palácio do Planalto, o comentário era de que a nomeação de Galloro para a Secretaria Nacional de Justiça foi uma “compensação” para Torquato e uma ala da PF que queria ver o delegado como diretor-geral. Galloro também vai acumular o cargo no ministério com o Comitê Executivo da Interpol.

Estadão
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