20 maio 2025
Com a passagem do Carnaval e o início efetivo do ano no país, o grupo mais próximo ao prefeito ACM Neto (DEM), no qual se incluem políticos, passou a avaliar que não lhe resta alternativa política, senão assumir a candidatura à sucessão estadual contra o governador Rui Costa (PT).
A tese que eles brandem com quem quer que se entrevistem é a de que, se Neto recuar na decisão da candidatura, terá criado um problema sem tamanho para as oposições, que não construíram qualquer alternativa ao seu nome exatamente na expectativa de que ele disputasse o governo em outubro.
Neste caso, o efeito sobre todo o grupo seria catastrófico. Sem alternativa, parte dos prefeitos que fazem oposição ao governo não teria outro caminho senão marchar para a base do governador, derrubando muitas candidaturas de deputados oposicionistas.
“Se Neto realmente não queria ser candidato a governador, deveria ter pensado em um nome que pudesse substituí-lo. Agora, vai ser um Deus nos acuda”, diz um prefeito que procurou este Política Livre para fazer um apelo “clandestino” pela candidatura do aliado.
Cauteloso, ACM Neto estabeleceu a data de 15 de março como prazo para anunciar sua decisão, que envolveria uma iniciativa bastante delicada, como a renúncia a um mandato muito bem avaliado de prefeito faltando dois anos para sua conclusão.
Para alguns, apesar do risco que a decisão de lançar-se na disputa envolve, o prefeito não pode se furtar ao desafio por um motivo simples: mesmo que perca, o que implicaria ficar sem mandato por quatro anos, ele precisa assegurar um capital político forte na capital baiana.
Isso significa que, se apresentar um substituto como candidato que não consiga ganhar de Rui Costa em Salvador, o território político em que está hoje firmado, ele pode ter imensa dificuldade de garantir a eleição do seu sucessor, em 2020.
A consequência perigosa é que, na eventualidade de perder a Prefeitura como ponto de apoio, Neto ficaria muito muito mais frágil para concorrer ao governo em 2022 contra um candidato apresentado por Rui Costa, avaliam correligionários do político democrata.
“É óbvio que a não-candidatura de Neto vai fortalecer imensamente o grupo do governador Rui Costa, que, se reeleito, vai marchar com tudo para ganhar a Prefeitura daqui a dois anos, com chances muito pequenas para o grupo do hoje prefeito”, avalia um político da base de apoio do petista.
Ele diz que até em setores do grupo do governador a situação é vista com reservas, dada a força própria que Rui Costa pode adquirir, a partir de outubro, caso o prefeito não concorra ao governo. “Se em segundo mandato, aliados valem menos, não será diferente no governo Rui Costa”, avalia o aliado do governador.