Foto: Paulo Giandalia/AE
Emílio Odebrecht 27 de abril de 2018 | 08:25

Emílio deixa a Odebrecht após 20 anos

brasil

Quando chegar nesta sexta-feira, 27, à Avenida Paralela em Salvador, onde fica o escritório da Odebrecht na capital baiana, o empresário Emílio Alves Odebrecht iniciará uma mudança histórica no conglomerado fundado na mesma cidade em 1944 por seu pai, Norberto. Após 20 anos à frente do conselho de administração de um dos maiores grupos empresariais do País, Emílio comandará pela última vez uma reunião ordinária do colegiado. A presidência do conselho deixará as mãos da família Odebrecht pela primeira vez.A saída de Emílio já estava prevista em seu acordo de delação premiada. Mas ele poderia arrastar sua permanência no grupo ainda por bastante tempo sem infringi-lo – a delação permitia que ele ficasse por dois anos na Odebrecht. A surpresa veio, portanto, da decisão do empresário de antecipar o movimento. Foi uma forma de tentar convencer o mercado das boas intenções do grupo para superar a Operação Lava Jato, que colocou a empresa no centro de um dos maiores escândalos de corrupção no mundo.A despedida de Emílio teve início nessa quinta-feira, 26, num jantar em seu apartamento, no bairro Caminho das Árvores, em Salvador. Ali, num edifício onde moram vários membros da família Odebrecht, o empresário recebeu os atuais conselheiros e alguns executivos do grupo. Fontes ligadas à companhia preocuparam-se em justificar, mesmo sob reserva, o encontro. Segundo pessoas próximas a Emílio, que começou a trabalhar no grupo em 1968, a intenção do empresário não foi festejar, mas agradecer aos integrantes do conselho pelo trabalho feito.O momento não é dos mais propícios a celebrações. Na quarta-feira, a construtora do grupo deixou de pagar R$ 500 milhões em títulos emitidos no exterior. Em função disso, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s cortou na quinta-feira a nota de crédito global da empresa. O conglomerado negocia com bancos novo empréstimo, de até R$ 2,5 bilhões, para cobrir essa e outras dívidas.Se não conseguir convencê-los a liberar o dinheiro nos próximos dias, a empreiteira corre o risco de ter de recorrer à recuperação extrajudicial para não quebrar, segundo executivos a par dos números. Por causa dessas negociações, Emílio poderá participar de alguma reunião extraordinária para decidir sobre o tema enquanto o novo conselho não é formado.

Estadão
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