Foto: Estadão
23 de abril de 2018 | 08:38

Presentes de Alckmin estão em porão de museu

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As 1.928 peças do acervo reunido durante a primeira passagem de Geraldo Alckmin (PSDB) pelo governo paulista estão encaixotadas em um porão do museu histórico de Pindamonhangaba, cidade onde o tucano nasceu, no interior de São Paulo. Doados de maneira informal por Alckmin – não há um documento que comprove como se deu essa transferência -, os objetos estão fora do alcance do público, que desde 2007 só pôde conhecer parte das peças. O acervo é formado principalmente por quadros e livros dados de presente ao tucano entre 2001 e 2006. Embora reconheça a importância do material, o diretor municipal de Cultura, Alcemir Palma, diz que o museu não tem condições de mantê-lo em ambiente ventilado e com temperatura controlada. “Essa acomodação em que está hoje não é a ideal, mas estamos em tratativas para decidir o que será feito para que o acervo possa ser melhor utilizado”, afirmou. A rigor, o conjunto doado por Alckmin nunca foi totalmente exposto. Segundo Palma, o catálogo inicial das peças foi feito em 2005 pelo Palácio dos Bandeirantes, meses antes de Alckmin renunciar ao cargo para concorrer pela primeira vez à Presidência da República. Uma parte foi levada para o museu no início de 2007 e o restante até o ano seguinte. O transporte foi feito num caminhão do próprio governo, de acordo com a prefeitura de Pindamonhangaba. Em 2009, foi contratada uma empresa para fazer o levantamento, que vem sendo atualizado. “Precisamos da formalização dessa doação, de um documento oficial, que ainda não temos. Daí vamos ter mais segurança para fazer uma nova gestão desse acervo”, diz. A informalidade levou, em 2016, o diretor do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Gustavo Tótaro, a entrar com representação no Ministério Público Estadual em Pindamonhangaba questionando a incorporação do acervo. “Geraldo Alckmin é um político vivo e não deveria ter sua imagem atrelada a um patrimônio público. Há um custo de zeladoria que onera o município”, afirmou Tótaro à reportagem. A Promotoria não viu razão para a abrir ação. De acordo com o atual diretor do museu, José Caramez, o acervo de Alckmin não gera custo extra. “Os contratos de manutenção e dedetização levam em conta a estrutura toda. Além disso, os funcionários são os mesmos há dez anos.” Nesse período, algumas peças sumiram do museu, como o quadro “Paisagem Interiorana”, de Helena Caiado, retratando a cidade de Pirapora do Bom Jesus, e o livro “Projeto Portinari”, da PUC do Rio de Janeiro. Em contrapartida, foram encontradas 14 peças que não constavam do registro, como um oratório de São Francisco de Assis.

Estadão Conteúdo
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