30 de outubro de 2018 | 17:59

Ataques de Bolsonaro à Folha geram campanha virtual de defesa do jornal

brasil

A série de ataques que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) vem fazendo contra a Folha teve como um de seus efeitos colaterais uma campanha virtual incentivando a assinatura do jornal. Nesta segunda-feira (29), em sua primeira entrevista ao Jornal Nacional como presidente eleito, o capitão reformado voltou a atacar a Folha: “Por si só, esse jornal se acabou”. William Bonner, apresentador e editor-chefe do noticiário, o havia questionado sobre como ele, que “sempre se declara um defensor da liberdade de imprensa”, em “determinados momentos chegou a desejar que um jornal deixasse de existir”. Bolsonaro se disse “totalmente favorável à liberdade de imprensa”, com um adendo: “Temos a questão da propaganda oficial de governo, que é outra coisa”. Ele vem ameaçando cortar verbas publicitárias que o governo federal destina a veículos da imprensa que fazem reportagens que lhe desagradam, sobretudo a Folha e a Rede Globo. Bonner em seguida defendeu o jornal. O servidor público estadual Delmir de Andrade, 32, está entre os que resolveram assinar a publicação: “Hoje de manhã, logo que acordei, refiz minha assinatura da Folha de S.Paulo. Seu papel em defesa da liberdade de expressão e dos valores democráticos nessas eleições foi digno de respeito e consideração. Não existe jornalismo de qualidade de graça. É preciso valorizar o trabalho realizado”. Ele contou que havia deixado de pagar pela publicação “há um ou dois anos” por discordar da “linha editorial” que, na sua concepção, os cadernos Poder e Mercado vinham tomando. “Estava com muita opinião e diminuindo o jornalismo analítico, investigativo e plural, que sempre foram as principais marcas do jornal”. Mudou de ideia. “Nas eleições de 2018, a Folha defendeu abertamente valores democráticos e republicanos, sem tomar partido ou lado nas disputas eleitorais. Resolvi, assim, refazer minha assinatura”.

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