12 maio 2025
No ano em que chega aos 70 anos – completados no último dia 18 – o bloco de afoxé Filhos de Gandhy chega ao Circuito Dodô (Barra/Ondina) levando o tapete da paz, nesta segunda-feira (4). Quem participou da festa no início do desfile de hoje foi um dos mais famosos filiados da agremiação, o cantor e compositor Gilberto Gil. Em 2019, a fantasia do Gandhy veio com um detalhe especial, ideia do artista plástico e carnavalesco Alberto Pitta: tons em dourado para celebrar a longa trajetória e a cor do bloco Badauê, em homenagem à memória do capoeirista, educador social e fundador da entidade Moa do Katendê, morto em 2018. O tema, “Êla Tempo”, foi escolhido em respeito à ancestralidade e a todos os que contribuíram para a evolução da instituição. Tempo que rege o caminhar, as decisões e o destino das pessoas e permitiu que os Filhos de Gandhy chegassem aos dias de hoje como símbolo de resistência. O atual presidente, Gilsoney de Oliveira, explica que a entidade vem prezando pela qualidade dos integrantes – este ano, são 3 mil. “Buscamos associados que prezem pelas tradições e costumes, que combatam qualquer tipo de assédio ou desrespeito. Somos uma nação ecumênica, recebemos participantes de todas as religiões”. A história do bloco demonstra a luta, a força e a tradição do bloco mais antigo de Salvador em atividade. Era o dia 18 de fevereiro de 1949 – uma sexta-feira – quando pouco mais de 30 homens, estivadores do porto de Salvador, com lençóis brancos como vestes, tranças de cebola na cabeça e tamancos nos pés, resolveram colocar um bloco na rua. O nome do grupo foi uma forma de homenagear o líder religioso Mahatma Gandhi, que havia morrido no ano anterior. Nascia, assim, o Filhos de Gandhy. Mesmo em época de falta de trabalho nos portos e política de arrocho salarial, gerados pela crise do pós-guerra, o grupo foi criado como forma de resistência e vem seguindo firme neste propósito ao longo dos anos. Da casa do estivador Aurélio, em Coutos, a caminhada foi longa até chegar à sede própria no Pelourinho, doada em 1992 pelo então governador Antônio Carlos Magalhães. No início da década de 1950, ocorreu a mudança da classificação de bloco para afoxé e foram incorporados os destaques: lanceiros e fuzileiros (responsáveis por fiscalizar e assegurar a ordem dentro do afoxé), o camelo maior e o elefante. Nos anos de 1974 e 1975, enfrentando problemas administrativos, a entidade não desfilou no Carnaval, fato que foi um golpe muito duro para os associados e admiradores, após 25 anos de desfiles ininterruptos.