Foto: Nelson Antoine/Folhapress
Centrais sindicais e movimentos sociais participam da celebração do Dia do Trabalho, hoje, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo 01 de maio de 2019 | 16:18

Ato unificado de centrais tem vaias a líderes sindicais

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Apesar de terem promovido pela primeira vez um ato único para celebrar o 1° de maio, líderes das centrais sindicais tiveram seus discursos vaiados durante a festa, realizada no vale do Anhangabaú, em São Paulo. As falas no palco foram feitas antes dos shows musicais programados para o ato, e duraram cerca de uma hora e meia. Presidentes de Força Sindical, UGT, Intersindical e CTB foram vaiados por simpatizantes de outras centrais. A maioria deles defendeu uma greve geral programada para 14 de junho. A UGT, segunda maior central, porém, não apoia a paralisação. “Sou contra a greve geral, sou a favor do diálogo, por isso fui falar com o Bolsonaro. Acho que greve é um instrumento constitucional, mas só deve ser utilizada quando o diálogo for exaurido”, disse Ricardo Patah, presidente da central. O encontro, realizado na última segunda-feira (29), foi noticiado pela coluna Painel S.A, da Folha de S.Paulo. O sindicalista foi pedir equilíbrio ao presidente no que ele chama de um movimento para extinguir os sindicatos por parte do governo. A hostilidade do governo aos direitos trabalhistas favoreceu a união de todas as centrais sindicais, segundo Vagner Freitas, presidente da CUT. Ele veio vestido de branco e com uma camiseta com foto do ex-presidente Lula e os dizeres “Lula Livre” na estampa. “A pauta é única, contra a reforma previdenciária”, diz. O presidente da CUT criticou a posição de Bolsonaro sobre a crise política na Venezuela. “Vim de branco porque o Brasil é um país de paz. O governo não deve estimular a violência contra o povo venezuelano. A Venezuela é um problema da Venezuela e tem que ser resolvido democraticamente pelos  próprios venezuelanos”, disse a jornalistas.
Para o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, é preciso reformar a Previdência, mas ele critica a proposta de Paulo Guedes. “O que nos interessa é que essa revisão não prejudique os mais pobres. Esse projeto [do governo] não respeita o valor do salário mínimo e não mexe em privilégios de servidores e militares. Vamos ver se ele vai ser macho com desembargadores e não só falar grosso com quem é mais pobre.” Sem dinheiro As centrais se uniram também por questões financeiras. O fim do imposto sindical, determinado pela reforma trabalhista de Michel Temer, em 2017, e uma Medida Provisória deste ano alterando o pagamento da contribuição sindical comprometeram o caixa das entidades.  “A luta dos trabalhadores sempre foi feita sem dinheiro. Sindicatos não são entidades financeiramente poderosas. Mas agora a CUT perdeu 85% do que arrecadava. Tem que se organizar. Temos conseguido que a organização política supere as dificuldades financeiras”, afirma Freitas. Sobre um suposto mal-estar com a presença de artistas como a cantora Ludmilla, que recentemente curtiu uma postagem de Bolsonaro nas redes sociais, Juruna diz que “é uma bobagem. O artista que vem é porque canta bem, não vamos perseguir as pessoas porque votaram nesse ou naquele candidato. Não pedimos carteirinha para ver o que as pessoas pensam.”

Folhapress
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