Foto: Felipe Rau / Estadão
Deltan e Moro 13 de junho de 2019 | 07:02

Ataques de hackers vão além de Moro e Deltan

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Além do ex-juiz federal e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e do procurador da República Deltan Dallagnol, os telefones celulares de pelo menos outras oito autoridades que atuam ou atuaram em investigações ligadas à Operação Lava Jato em quatro Estados, além de um jornalista, foram alvo de tentativas ou invasão por parte de hackers. Entre eles, estão juízes, desembargadores, membros do Ministério Público, delegados da Polícia Federal e até o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Em ofício encaminhado nesta quarta-feira, 12, à Polícia Federal, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, solicitou a unificação da investigação “de forma que possa esclarecer, além do modo de atuação criminoso, os motivos e eventuais contratantes de um ataque cibernético sistemático contra membros do MPF, principalmente aqueles que atuam nas forças-tarefa da Lava Jato do Rio e Curitiba”. Conforme revelou o Estado, a PF instaurou quatro inquéritos para apurar as invasões. Cada um tem deles tem mais de uma pessoa atingida. Entre os magistrados que podem ter tido seus celulares invadidos estão o desembargador federal Abel Gomes, relator dos processos da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2); o juiz Flávio de Oliveira Lucas, que atou como substituto nas férias de Gomes; e a juíza federal Gabriela Hardt, que substituiu Moro na 13.ª Vara Federal de Curitiba entre novembro de 2018 e abril de 2019. Os procuradores são Thaméa Danelon, ex-coordenadora da força-tarefa da Lava Jato em São Paulo, Andrey Borges, Marcelo Weitzel e Danilo Dias. O estadao.com.br revelou nesta quarta que até mesmo integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) foram alvo de ataque. Eles receberam no grupo do colegiado no Telegram mensagem do celular do conselheiro Marcelo Weitzel que dizia que o caso revelado no domingo pelo The Intercept Brasil, com supostos diálogos entre Moro e Dallagnol, era “uma amostra do que vocês vão ver na semana que vem”. Os colegas estranharam o tom das mensagens e questionaram Weitzel no grupo. Na sequência, receberam outro texto dizendo: “hacker aqui”. Os conselheiros então ligaram para Weitzel, que afirmou que não estava usando o aparelho no momento dos envios das mensagens. O procurador regional José Robalinho Cavalcanti, candidato à lista tríplice para ser o novo procurador-geral da República, também recebeu mensagens às 21h de terça do suposto invasor do celular de Weitzel. Fontes da PF desconfiam que o hacker que copiou mensagens publicadas pelo The Intercept não é o mesmo que tenta dialogar com os procuradores. Seria apenas alguém tentando pegar carona na história. A desconfiança ocorre porque não é um padrão de comportamento desse tipo de criminoso. Até agora, já se sabe que ao menos uma das mensagens divulgadas pelo The Intercept foi adulterada. Quem participou do determinado diálogo diz que a conclusão não foi a mesma divulgada pelo site.

Estadão
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