Foto: Adriano Machado / Reuters
Sergio Moro 19 de junho de 2019 | 06:48

Moro busca apoio e Senado pauta projeto de abuso de autoridade

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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, vai nesta quarta-feira, 19, ao Senado para dar explicações sobre supostas mensagens que teria trocado com procuradores da Lava Jato e que sugerem uma atuação conjunta dele, quando juiz federal, com os investigadores. Moro encara um Senado que, na tarde desta terça-feira, 18, pautou para a próxima semana um projeto de lei que pune, justamente, abuso de autoridade praticado por magistrados e membros do Ministério Público. Os diálogos atribuídos ao ministros e a procuradores foram divulgados pelo site The Intercept Brasil. Moro e alguns procuradores afirmaram à Polícia Federal que seus aparelhos celulares foram invadidos por hackers. O caso está sendo investigado pela PF. Na véspera de sua ida ao Congresso, enquanto participava de um almoço com representantes da Frente Parlamentar da Agropecuária, o Senado articulava para que o projeto de lei do abuso de autoridade fosse votado diretamente pelo plenário da Casa, antes mesmo de ser avaliado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), chegou a incluir a votação na pauta. O Estado apurou que Alcolumbre tem se reunido com a ala “antimoro” do Supremo Tribunal Federal (STF). A votação, no entanto, foi cancelada, após forte reação das redes sociais, onde Moro tem expressivo apoio. Alcolumbre recuou e decidiu que a votação seguirá seu caminho natural. Será primeiro analisada pela comissão e depois vai ao plenário, o que deve ocorrer na próxima quarta-feira. Apesar de o Senado retomar, neste momento, a discussão de um projeto apresentado em 2016, o discurso no Congresso é de que não se trata de uma retaliação ao ministro Moro. “Estamos falando desde fevereiro sobre isso”, declarou o líder do DEM no Senado, Rodrigo Pacheco (MG). Nos últimos dias, Moro procurou reagir ao noticiário negativo. Depois de ser aplaudido por torcedores do Flamengo, durante um jogo em Brasília, o ministro abriu sua agenda para visitas a parlamentares, participou do lançamento do Plano Safra e gravou uma participação no Programa do Ratinho, do SBT, na qual estava acompanhado do chefe da Secretaria de Comunicação do governo, Fabio Wajngarten. No programa, que foi ao ar na noite desta terça-feira, 18, Moro reiterou ter sido alvo de um “ataque coordenado” que mirou as instituições e, mesmo sem reconhecer o conteúdo das mensagens, se defendeu. “Não tenho como confirmar a veracidade das mensagens, mas sempre agi com lisura”, disse. A expectativa no Planalto é que Moro, com as mais recentes investidas, consiga fortalecer seu apoio popular. O ministro chegou a ser convidado para participar da Marcha para Jesus, nesta quinta-feira, 20, em São Paulo, no maior evento evangélico do Brasil. O deputado Marco Feliciano (Pode-SP), disse que o ministro declinou, alegando que tem “agenda inadiável” nos EUA. Bolsonaro confirmou presença na marcha, que já chegou a reunir 1,5 milhão de pessoas.

Estadão
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