Foto: Ag. Brasil
Ministro Sérgio Moro 29 de agosto de 2019 | 08:25

Avança com sucesso o pacto contra a Lava Jato, por Raul Monteiro*

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Pelo visto, quem combate a Lava Jato com o propósito de ver o ex-presidente Lula (PT) solto, além de gente da mesma laia que a dele, a exemplo de Cabral, Cunha e tantos outros, impunes, parece que pode começar a comemorar. Aos poucos, de fato, é possível perceber que há um claro pacto com o objetivo de destruir a maior operação contra a corrupção já realizada no país e permitir que todas as suas decisões que levaram à cadeia exclusivamente gente rica e poderosa, fato raríssimo na história do Brasil, tendo como apoio o Supremo Tribunal Federal (STF), está em curso e tende a prosperar.

Pouco importa que essa gente que foi para a cadeia sirva de exemplo para a consciência de que o crime não compensa, há tanto tempo relegada no Brasil, principalmente pela classe dirigente, nem que estejam hoje à disposição do erário os bilhões que se conseguiu reaver pelas forças policiais e da justiça de parte do que foi desviado durante décadas, dinheiro, inclusive, pensado hoje para ajudar no combate às queimadas da Amazônia. O objetivo é, de fato, impedir que as investigações avancem sobre o calcanhar de mais poderosos que construíram e constróem fortunas por meio da corrupção.

O curioso é que o cerne de toda a campanha que se urde contra o ex-juiz Sérgio Moro e os procuradores que, com exageros, como se sabe, tocaram a operação até aqui com raro sucesso é um site obscuro, tocado por um jornalista do mesmo naipe que especializou-se em vazar informações obtidas de maneira ilegal. O primeiro golpe que mostra que os líderes do movimento contra a operação estão no caminho do sucesso foi a decisão esta semana da segunda turma do Supremo Tribunal Federal de anular a condenação do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobrás Aldemir Bendine, proferida no ano passado pelo hoje ministro da Justiça.

Os ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia votaram pela anulação. O relator da Lava Jato na corte, ministro Edson Fachin, foi vencido. O quinto integrante do colegiado, Celso de Mello, não participou da sessão. O colegiado responsável pelo julgamento é o mesmo que avaliará, provavelmente neste semestre, um pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que alega a suspeição de Moro. Ontem mesmo, a decisão do Supremo Tribunal Federal que anulou a condenação do ex-presidente da Petrobrás Aldemir Bendine na Operação Lava Jato produziu seu primeiro efeito em processos contra Lula.

O ministro Edson Fachin determinou que a Justiça Federal do Paraná reabra prazo para alegações finais do petista na ação penal em que é acusado por supostas propinas de R$ 12,5 milhões da Odebrecht. Na decisão, o ministro Edson Fachin ressalta semelhança entre a ação contra o ex-presidente Lula e a decisão relativa a Bendine. Não se pode desconsiderar que, por tras do enfraquecimento da Lava Jato, está a cisão do governo Jair Bolsonaro (PSL) em relação à operação que muitos responsabilizam por sua vitória eleitoral no ano passado, provocada pelo fato de um filho dele, o senador Flávio Bolsonaro (PSL), ter entrado no rol dos investigados no país.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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