26 novembro 2024
Ao se deparar com a Polícia Federal em sua porta, o desembargador José Olegário Monção Caldas, afastado do Tribunal de Justiça da Bahia, por suposto envolvimento em esquema de venda de sentenças, teve uma reação: ligou para seu advogado, José Aras, parente do procurador-geral da República, Augusto Aras, e perguntou se o PGR ‘poderia fazer alguma coisa’ sobre o assunto.
A informação consta em relatório de mais de 120 páginas elaborado pela delegada da Polícia Federal Luciana Caires sobre o cumprimento de mandados expedidos pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça, no âmbito da Operação Faroeste. A investigação mira suposto esquema de venda de sentenças no Tribunal em processos sobre grilagem de terras no oeste da Bahia.
Caldas foi alvo de buscas no dia 19 de novembro — os agentes estavam na casa do desembargador às 06h05 e afirmaram ao magistrado que ele tinha o direito de contatar seu advogado. Caldas ligou para José Aras.
“No contato telefônico José Olegário Monção Caldas disse que seu advogado não precisaria comparecer à sua residência e perguntou se Augusto Aras poderia fazer alguma coisa”, descreve a delegada, em relatório. “Em ato contínuo, o próprio desembargador disse: ‘agora é tarde, não sei se ele pode fazer alguma coisa, depois a gente vê isso’”.
A reportagem entrou em contato com a Procuradoria-Geral da República e aguarda manifestação sobre a declaração do magistrado.
Estadão