Foto: Divulgação
Colégio Estadual Odorico Tavares 24 de janeiro de 2020 | 17:54

Oito pré-candidatos a prefeito condenam venda do Odorico; Robinson, Fabya, Niltinho, Coronel e Isidório evitam assunto

exclusivas

Os oito pré-candidatos ouvidos, nesta quinta (23) e sexta-feira (24), pelo Política Livre condenaram a venda do Colégio Estadual Odorico Tavares, no Corredor da Vitória, área nobre da capital baiana. Assim como os oposicionistas Bruno Reis (DEM), Leo Prates (sem partido) e o independente Magno Lavigne (Rede), os aliados Juca Ferreira (PT), Vilma Reis (PT), Bacelar (Podemos), Lídice da Mata (PSB), Olívia Santana (PCdoB) defendem que o governador Rui Costa retire da pauta, na Assembleia Legislativa da Bahia, o projeto de Lei n° 23.724/2020 que trata da venda da instituição. O requerimento de urgência para acelerar a tramitação da matéria foi aprovado, nesta última terça-feira (21), na Assembleia Legislativa da Bahia, e a previsão é que a matéria seja colocada em votação em plenário na próxima segunda (27).

Em protesto, estudantes, pais e professores ocuparam, no mesmo dia, a instituição, mas tiveram que sair na madrugada desta última quarta (22) após ficarem sem água e comida, devido ao cerco feito pela Polícia Militar. A atitude foi o principal assunto comentado no meio político da capital baiana. Em ano eleitoral, muitos criticaram em suas redes sociais ou concederam entrevistas condenando a ação classificada como “intransigente”, “truculenta” e “contraditória” do governador petista, que é um ex-sindicalista e participou de vários movimentos grevistas no Polo Petroquímico. Após o protesto, o colégio amanheceu nesta última quinta com tábuas para conter qualquer tentativa de nova invasão.

O único pré-candidato a favor da decisão do governador em vender a escola é o também independente Celsinho Contrim (PRTB). Porém, ele pondera que deveria acontecer apenas após a inauguração dos outros colégios prometidos pelo gestão estadual que serão construídos em bairros periféricos com o dinheiro da negociação do terreno do Odorico.

O Política Livre também tentou falar com os outros cinco pré-candidatos da base de Rui. No entanto, o deputado estadual Niltinho (PP), que faz parte da base de governo na Assembleia, disse, através de sua assessoria de imprensa, que não se pronunciaria sobre o assunto. Já o também deputado estadual governista Robinson Almeida (PT) e a secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial, Fabya Reis, não responderam, até o momento, os inúmeros contatos feitos. Ambos chegaram a visualizar a mensagem enviada pelo WhatsApp, mas não se pronunciaram e nem atenderam o telefone. O senador Angelo Coronel (PSD) e o deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante) também não atenderam o telefone e não retornaram, até o momento, o contato à reportagem.

Confira a opinião dos pré-candidatos ouvidos:

Vilma Reis (PT)
“O governador deveria, com certeza, retirar o projeto da Assembleia, dialogar com toda a sociedade e abrir a matrícula. A nossa proposta, inclusive, é que a matrícula não tenha nenhum tipo de restrição, que alunos de qualquer bairro possam se matricular ali. Paralelo a isso, defendo que o colégio seja transformado em um grande centro de formação em línguas como yorubá, inglês, espanhol, francês e, principalmente, mandarim que poderia ser a contrapartida aos chineses que vão investir na ponte Salvador/Itaparica”.

Juca Ferreira (PT)
“Eu aconselho o governador a rever a intenção de fechar o colégio e vender o imóvel. O fechamento de um colégio só deveria ser pensado depois de uma grande discussão pública quando ficasse claro a justificativa do gesto. O fechamento tem uma carga simbólica muito negativa e não combina com a necessidade de colocarmos a educação entre as principais prioridades”.

Bacelar (Podemos)
“Por princípio, sou contrário ao fechamento de unidades escolares. Não posso, porém, desconhecer a mudança do perfil etário da nossa população e a construção de escolas nos bairros, o que reduziu a demanda por vagas no centro da Cidade. Assim, quando a realidade impor o fechamento de uma unidade, defendo intransigentemente a construção de novas e a melhoria da infraestrutura escolar com o recurso do imóvel vendido”.

Lídice da Mata (PSB)
“Fechar uma escola nunca é uma boa notícia. Sempre fui contra. Acho que a SEC deveria ter aberto um amplo debate com a comunidade a respeito deste assunto. Neste momento, espero que a decisão seja revista”.

Olívia Santana (PCdoB)
“Eu entendo as dificuldades que o governador Rui Costa está enfrentando para governar, para levantar recursos. Eu sei que não é facil. Mas eu acho que a venda de uma escola, ainda que seja para arrecadar recursos, já que aquele espaço é valorizado no mercado imobiliário, passa uma mensagem ruim. Não concordo com a venda. Acho que o governador poderia investir mais naquele equipamento, mantendo a escola e abrindo outras possibilidades naquele local, para que a escola seja ainda mais completa. A escola deveria ser mantida. Espero que o governador considere tudo o que aconteceu e reconsidere a posição”.

Léo Prates (sem partido)
“Meu projeto não é contra ninguém, é a favor de Salvador. Por isso, me junto ao coro da sociedade e, principalmente, dos estudantes e de políticos da própria base do governador Rui Costa, que apelam para que o governador reveja sua decisão. Fechar uma escola nunca é bom e o governo tem outros ativos, como terrenos, que podem viabilizar a ideia de ampliar a oferta de instituições de ensino na periferia, como vem sendo justificado, sem a necessidade de fechar um colégio de referência como o Odorico Tavares”.

Bruno Reis (DEM)
“Eu defendo a ampliação dos investimentos na educação. A nossa gestão já construiu, reconstruiu ou reformou 239 escolas em toda a cidade. Na minha forma de entender a administração pública, um governante não deve se desfazer de um patrimônio que tem utilidade – menos ainda quando se trata de uma unidade de ensino. Ano após ano, a Bahia vem ocupando as piores posições no ranking da qualidade da educação pública no Brasil, o que evidencia a necessidade de dar muito mais atenção à área, garantindo o futuro de crianças cujos pais não têm condições de pagar a mensalidade numa escola particular. O governador dá uma clara mensagem de desvalorização da educação com o fechamento do Odorico. Quer dizer também que o pobre não pode estudar em bairro nobre? Os estudantes fizeram uma manifestação para defender o direito de continuar estudando lá. Isso não deve ser desprezado. Será que o governador não tem outra prioridade que não seja botar abaixo uma escola para vender o terreno? Se fosse na nossa gestão, o Odorico seria revitalizado e viraria uma escola-modelo”.

Magno Lavigne (Rede)
“É equivocada a decisão do governo estadual de fechar o único colégio público na região que tem o metro quadrado mais caro da Bahia. Tirar dos estudantes negros e pobres para entregar o terreno à iniciativa privada é um atentado à educação, é uma ação de higienista, um erro político, uma ação de exclusão, uma forma de dizer que não nos querem convivendo no Corredor da Vitória. Para mim, se ainda houver tempo, o governador que tantos acertos tem na política, deveria ter mais esse é retirar de pauta o projeto. Inclusive, ressalto que, desde quando foi anunciado esse absurdo, denunciamos claramente o fato. É bom que agora outros pré-candidatos se somam à luta contra esse absurdo”.

Celsinho Contrim (PRTB)
“Apoio a decisão do governador Rui Costa e do secretário estadual de Educação Jerônimo Rodrigues em trocar o Colégio Estadual Odorico Tavares pela construção de pelo menos seis escolas de grande porte em Salvador, nos bairros de Paripe, Sussuarana, São Cristovao, Imbuí, Vila Canária e Pau da Lima, beneficiando cerca de 35 mil estudantes nestas localidades, desde que encontre um meio termo na data de fechamento: ao invés de ser agora, que seja quando inaugurar as 6 escolas novas. Não faço politicagem. Não vou me aproveitar porque sou pré-candidato a prefeito pra jogar pra galera, a fim de angariar apoios, condenando Rui e Jerônimo. Não farei isso. Essa é a velha política que não aguentamos mais. Todo mundo quer que seu filho estude perto de casa, no seu próprio bairro, evitando custos com transporte, tempo com os grandes congestionamentos e conforto de ir e voltar andando pra escola. E assim tem sido feito há muito tempo tanto pelo município quanto pelo Estado. Por que, justamente, agora, em ano de eleição, todos jogam pedra na Geni?”.

Raiane Veríssimo
Comentários