Foto: Agência Brasil
Gustavo Montezano 27 de julho de 2020 | 08:38

BNDES proíbe adesão de funcionários com processos no TCU a plano de aposentadoria

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O BNDES anunciou na última segunda-feira (20) um programa de estímulo à aposentadoria que exclui funcionários que sejam alvos de processos no TCU (Tribunal de Contas das União).

Para servidores que atuam no banco, a decisão soa contraditória, uma vez que o BNDES, presidido por Gustavo Montezano, vem defendendo a legalidade de operações junto ao órgão de controle e à Justiça.

Desde 2016, a atuação do banco em importantes operações, como a internacionalização da JBS e empréstimos a empreiteiras para obras em países como Venezuela, Cuba e Angola, está sendo questionada, no que foi apelidado de abertura da “caixa-preta” do BNDES. Nem a Justiça nem o TCU, porém, concluíram pela responsabilidade ou punição de funcionários do banco.

O BNDES chegou a contratar uma consultoria internacional no valor de R$ 48 milhões para fazer a investigação, mas também não foi encontrado nada.

O plano de estímulo à aposentadoria foi aprovado pelo conselho de administração no dia 17 e permite a saída do funcionário para a aposentadoria em troca de uma compensação.

O presidente da Associação de Funcionários do BNDES?, Arthur Koblitz, afirma que o programa foi mal recebido na instituição. Além da trava aos citados pelo TCU, o prazo de adesão foi considerado curto –apenas três semanas, a contar da próxima segunda (27).

“Quando questionamos a direção, eles nos responderam que há tempos circulavam boatos no banco sobre um novo programa de demissão voluntária. Então quer dizer que boatos agora fazem parte da comunicação oficial do BNDES?”, questiona.

Segundo ele, pela idade média dos funcionários, cerca de 10% do quadro (260 pessoas) poderia se interessar, mas as condições oferecidas pela atual administração ficaram aquém de PDVs passados. É a primeira vez que o BNDES inclui uma cláusula de barreira para citados pelo TCU.

Rumores sobre o enxugamento do quadro do BNDES ganharam mais relevância dentro do banco após a chegada de Paulo Guedes (Economia) e sua equipe ao governo, com uma visão crítica à atuação passada do banco e com o mandato de reduzir o seu papel no financiamento a empresas.

Procurado, o BNDES não se manifestou.

Painel/Folha de S.Paulo
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