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Numa aliança com o PP para apoiar Olívia, que já foi secretária estadual, o PCdoB deu novo drible no governador da Bahia 02 de julho de 2020 | 08:44

PCdoB dá segundo nó em Rui no espaço de uma eleição, por Raul Monteiro*

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Pela segunda vez, no espaço de uma eleição municipal, o PCdoB mostra ao governador Rui Costa (PT) como é que se faz política sem a pretensão, naturalmente, de que ele aprenda a lidar melhor com a arte. Em 2016, os comunistas baianos, sob o argumento de que era hora de o PT abrir mão para uma candidatura de uma força aliada à Prefeitura de Salvador, lançaram o nome da deputada federal Alice Portugal à sucessão municipal, conquistaram o apoio do PSD do senador Otto Alencar para a empreitada e, embora sem alcançar o sucesso, acabaram levando a disputa até o fim.

Tratou-se de uma resposta à postura vacilante que o governador mantinha em relação a o que exatamente fazer nas eleições em Salvador naquele ano de 2016. O resultado é que ele foi obrigado a acompanhar, mesmo a contragosto, os desdobramentos da campanha de Alice até o dia do pleito. Do imbróglio, o que mais se comenta é que marcou negativamente, em relação a Rui, a parlamentar comunista, que, por elegância e disciplina política e partidária, nunca abriu a boca para comentar o episódio publicamente nem falar absolutamente nada sobre o comportamento do gestor.

Quatro anos depois, o PCdoB troca o parceiro, mas não perde a oportunidade de dar uma novo drible no governador. Um acordo entre a legenda e o PP, do vice-governador e secretário estadual João Leão, acaba de dar uma injeção de ânimo e apoio à deputada estadual Olívia Santana, firmando definitivamente seu nome para a sucessão municipal de Salvador no campo do governo. Ocorre que, mulher, negra e talentosa, Olívia já pisa na campanha fragilizando o nome de Denice Santiago, uma respeitada major da PM escolhida a dedo por Rui para concorrer pelo PT à Prefeitura da capital baiana.

O governador teria sentido tanto a pressão que resolveu procurar o próprio Leão e o presidente do PCdoB, Daniel Almeida, para uma tomada rápida de explicações, mas já era tarde. Na verdade, sua idéia de que, a partir dos sinais que emitira de que não havia possibilidade de apoio a Olívia, a parlamentar fosse convencida de que teria que abrir mão da candidatura para correr, por gravidade, para a campanha da major, simplesmente fracassou. A operação fortaleceu tanto Olívia frente a Denice que uma alternativa passou a ser pensada rapidamente para neutralizar sua escalada.

Seria atrair para a chapa de Denice, na condição de seu candidato a vice, o deputado federal Pastor Sargento Isidório, do Avante, que, no entanto, não quer nem ouvir falar no plano de que possa secundar a candidata de Rui, ainda mais estando, entre os aliados, na posição de líder das intenções de voto à Prefeitura, segundo as pesquisas. Mas o isolamento de Rui e, lamentavelmente, de Denice, uma mulher corajosa e valorosa envolvida por ele nesta trama, se completa pela aliança que já celebram Bacelar, do Podemos, e Lídice da Mata, do PSB, com o PTC, e Magno Lavigne, da Rede, em busca de um espaço próprio numa disputa da qual o PT, pelo visto, só se distancia.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

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