PP turbina candidatura de Olívia e deixa Rui zonzo com abalo sobre major Denice

O acordo firmado pelo PCdoB com o PP para apoiar a candidata comunista Olívia Santana à Prefeitura de Salvador provocou um abalo nos planos do governador Rui Costa (PT) para a pré-candidata do seu partido à Prefeitura, major Denice Santiago.

Depois de tomar conhecimento do pacto pela imprensa, Rui resolveu questionar diretamente o vice-governador João Leão, líder maior do PP na Bahia, e o presidente do PCdoB, o deputado federal Daniel Almeida, sobre a iniciativa.

Aos dois, demonstrando uma surpresa que ambos não entenderam, confirmou que achava que a manobra fortalecia Olívia, em detrimento da candidatura de Denice, que filiou ao PT com o objetivo de apresentar um nome do bolso do colete à sucessão municipal.

Leão desconversou, dizendo que nunca havia sido sinalizado da preocupação do governador antes, ao passo que Almeida replicou dizendo que deu conhecimento prévio de toda a operação que resultou no acordo ao senador Jaques Wagner (PT).

A aliados, entretanto, os dois teriam admitido terem confirmado a sensação de que Rui, apesar de ter feito tudo para transformar Denice em candidata, não quer se comprometer politicamente com a candidatura da militar, esperando que os apoios a ela lhe caiam no colo.

“Nós do PCdoB temos a firme impressão de que o governador quer que os aliados vão para Denice por gravidade, porque ele a apóia, sem querer negociar nem se envolver com a articulação do nome de uma pessoa que é desconhecida”, diz um político do partido ao Política Livre.

Um outro do PP afirmou também ao site que é como se o governador não quisesse pedir nada a ninguém. “Ele não quer ser devedor nunca, o que na política, principalmente para quem está no poder e no comando do Estado, é algo inimaginável”, completa.

Costurada no PCdoB pelo ex-deputado Davidson Magalhães e, no PP, por Jabes Ribeiro, que são cunhados, a unidade celebrada pelas duas legendas deu, de fato, um forte impulso em Olívia, firmando sua condição de competidora no campo do governo.

Até aquele momento, com os repetidos sinais emitidos aos comunistas de que não havia chance de apoiá-la, Rui esperava que, aos poucos, a deputada se conscientizasse de que não teria alternativa, senão migrar para a base de apoio à major. Cometeu um erro de avaliação.

A determinação da parlamentar em lutar levou que o PCdoB se mexesse e a idéia de que um entendimento entre os dois era possível, alimentada na Assembleia desde que o PP lançou o deputado estadual Niltinho à Prefeitura, acabou prosperando.

Por temerem uma reação forte no governo, os dois partidos preferiram não antecipar a formação da chapa no dia do anúncio, apesar de o pacto selado ser de que o deputado seja o vice de Olívia, para passar a idéia de que a montagem estaria ainda em processo, sem parecer um confronto imediato ao nome de Denice.

Para eles, pelo histórico de empresário bem-sucedido, Niltinho suaviza o discurso da parlamentar comunista, permitindo que ela penetre em segmentos nos quais antes era impensável.  Neste contexto, a experiência, a trajetória, a inserção política e a capacidade de comunicação só a favoreceriam, dizem.