26 novembro 2024
O governo federal lançou nesta quinta-feira (12) um projeto piloto nacional para prevenção do câncer de pênis, com investimento inicial de R$ 20 milhões.
O presidente Jair Bolsonaro manifestou preocupação com o tema em abril de 2019, quandou chamou atenção para o número de amputações penianas no país.
“No Brasil, ainda, nós temos por ano mil amputações de pênis por falta de água e sabão. Quando se chega em um ponto desse, a gente vê que nós estamos realmente no fundo do poço”, disse o presidente na ocasião.
Os alvos do programa inicialmente serão 370 municípios e cinco estados com as mais altas taxas de mortalidade por câncer de pênis nos últimos anos. Segundo reportagem da Agência Brasil, esses estados são Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará e Sergipe.
Segundo a portaria, o dinheiro deverá ser usado para ações educativas de higiene genital, para a prevenção de infeccção por papilomavírus humano (HPV), para a qualificação de profissionais de saúde para identificação precoce de sinais e sintomas de câncer de pênis.
O câncer de pênis é considerado raro. Segundo o artigo “Tendências e carga econômica do câncer de pênis no sistema público de saúde brasileiro”, de Antonio Flávio Rodrigues e outros autores, aconteceram 9.743 internações relacionadas ao câncer de pênis de 1992 a 2017 no Sistema Único de Saúde, com média de 365 por ano.
Comparativamente, no caso do câncer de mama foram internadas 44.840 mulheres em média por ano entre 2015 e 2019, segundo o estudo “Panorama da atenção ao câncer de mama no SUS”, feito pelo Instituto Avon junto com o Observatório de Oncologia.
Em reportagem da Folha, o coordenador de câncer de pênis e testículo da Sociedade Brasileira de Urologia, José de Ribamar Calixto, disse que a estimativa de mil amputações por ano foi feita com base em dados de internações no SUS devido a câncer de pênis, mas precisaria ser atualizada –o último levantamento ocorreu há dez anos.
“Eu diria que não é bem isso que o presidente disse. É pior do que isso. Viemos lutando há 20 anos para poder pautar uma política pública voltada a acabar com o câncer de pênis, e assim parar de arrancar o pênis dos outros por câncer”, afirmou ele, para quem pode haver subnotificação, por não haver dados de atendimentos na rede privada.
Folha