Foto: Dida Sampaio/Estadão
Campos Neto 05 de novembro de 2020 | 07:24

Inflação é temporária, diz Banco Central

economia

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta quarta-feira (4) que a alta recente da inflação é temporária, e minimizou a duração de todas as frentes de pressão sobre os preços. No entanto, frisou que a instituição “obviamente” monitora o movimento.

Em entrevista ao canal do YouTube Me Poupe, ele reiterou que a inflação é influenciada especialmente pela elevação do dólar frente ao real, mas ponderou que essa contaminação é pouco expressiva quando se exclui a influência exercida pelos combustíveis.

Campos também citou o aumento de gastos dos brasileiros com o uso da poupança com alimentação no domicílio, bem como a alta no consumo de alguns produtos que foi gerada pelo auxílio emergencial.

Na avaliação de Campos, os três itens já estão cedendo. “O uso da poupança foi circunstancial, e tende a diminuir porque as pessoas estão voltando à mobilidade”, disse.

A transferência de renda via auxílio emergencial, que já caiu de R$ 600 para R$ 300, tem prazo para acabar. “A parte do câmbio, como o grosso é combustível, ao longo do tempo tende a voltar também”, afirmou.

Campos Neto reconheceu que pesa também a alta no preço de matérias-primas alimentícias, como consequência uma demanda maior por alimentos na Ásia.

“Mas isso tende a normalizar. As nossas safras previstas para março são maiores, então, o preço de alimentos deve voltar”, afirmou. “Entendemos que a inflação é temporária. Estamos obviamente monitorando.”

Em relação ao crescente temo de descontrole fiscais, Campos Neto voltou a fazer alertas sobre o que poderia ocorrer caso o país seguisse no rumo de uma elevação desenfreada das despesas públicas, sem cuidado com a sustentabilidade das contas públicas.

“Hoje temos uma situação de endividamento alto e entendemos, olhando a reação do mercado, dos agentes financeiros, é que há uma luz vermelha acesa dizendo: ‘Olha, você passou desse ponto de inflexão, precisa voltar para a disciplina fiscal'”.

Folha de S.Paulo
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