Foto: Divulgação/Arquivo
Sede do TJ baiano, onde quatro desembargadoras já foram presos e haveria um número incontável de colegas sob mira da Faroeste 23 de dezembro de 2020 | 09:04

Faroeste: TJ exonera servidora que ‘entregou’ desembargadora; ela é esposa de delator

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O presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), desembargador Lourival Almeida Trindade, exonerou ontem Carla Roberta Viana de Almeida do cargo de Assessor de Desembargador da Corte Baiana. Carla é esposa de Júlio César Cavalcanti, advogado preso na Operação Faroeste que colaborou para as últimas ações da investigação na Bahia.

Ela era comissionada no gabinete da desembargadora Lígia Ramos e, a partir do depoimento dela, a magistrada teria sido implicada no esquema e presa na mais recente fase da operação. Partiu do termo de declaração de Carla a informação da existência de uma “agenda rosa” com processos de interesse da suposta quadrilha comandada pela juíza.

Ela também teria sido coagida pela magistrada a “apagar provas”, segundo o Ministério Público Federal. Antes de cumprir as ordens da desembargadora, no entanto, a assessora copiou os dados que depois entregou à Faroeste. Os investigadores se deliciaram com os detalhes providos por Carla sobre a ex-chefe.

Como a história de que a desembargadora dirigiu-se até sua casa, pilotando o próprio carro, uma Merdedez Benz branca luxuosíssima, para pedir que desse fim aos documentos que poderiam implicá-la com o grupo sob mira da Faroeste. Com a exoneração de Carla Roberta, cresceu o temor de que ela e sua família sejam vítimas de retaliações.

Em ofício enviado ao Superior Tribunal de Justiça dias atrás, ao qual seu advogado fez questão de dar publicidade em sites baianos, Júlio Cavalcanti negou ter delatado o ex-secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, que foi afastado do cargo depois de ter virado também alvo da Faroeste.

“A divulgação destes fatos tornou ainda mais vulnerável a vida do peticionante e de sua família, e a finalidade deste esclarecimento para além de manter sua postura colaborativa no processo serve também para se resguardar de qualquer falsa imputação com base no art. 19 da Lei 12.850/13“, escreve a defesa do advogado-delator.

Há a expectativa que o casal entre em um quadro de proteção de testemunhas e saia do país ao fim da investigação.

Alexandre Galvão, especial para o Política Livre
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