10 julho 2025
As eleições que levaram as oposições a vitórias importantes no Estado, como em Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista, vão completar 60 dias e o governador Rui Costa (PT) ainda não conseguiu arrumar a base nem indicar ao governo representantes dos partidos aliados com os quais fechou a estratégia de apoio à ex-candidata do PT na capital baiana, Denice Santiago.
Aliados que, por exemplo, apoiaram a candidatura vitoriosa do democrata Bruno Reis à Prefeitura de Salvador continuam devidamente aboletados em secretarias como as de Agricultura e Turismo, sem que o governador dê sinais de que pretende promover mudanças para afastá-los a fim de contemplar correligionários, deixando todos eles com a impressão de que o governo perdeu a direção.
Um dos casos mais emblemáticos é o do ex-dirigente da Prodeb, Samuel Araújo, que foi obrigado a se auto-demitir do órgão para poder assumir a nova secretaria de Tecnologia da Prefeitura de Salvador, já que o governo preferiu não tomar conhecimento de seu desejo de desligamento. Ele é filho do ex-deputado José Carlos Araújo, presidente na Bahia do PL, dos primeiros partidos da base a romper com Rui para apoiar a campanha de Bruno.
“Tudo bem que o Samuel é tido como muito inteligente e competente, mas será que o governador não conseguiu, desde a campanha, pensar num substituto?”, questiona um deputado da base surpreso com o ritmo das decisões políticas do governo, segundo ele, muito distantes do slogan “correria” com que o governador conseguiu se auto-carimbar, utilizando a propaganda governamental.
Na secretaria de Turismo, que também é da cota do PL, permanece como secretário Fausto Franco, que tirou férias de 30 dias em plena crise do setor na Bahia, devido à pandemia, e curte o período em Morro de São Paulo, num condomínio cujas casas custam, em média, R$ 5 mil a diária. A situação é idêntica ao do titular da Agricultura, Lucas Costa, indicado na cota do PDT, partido que filiou a vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos.
Costa também resolveu tirar férias – e na secretaria quem responde é um interino -, certo de que o PDT, apesar da aliança com o prefeito de Salvador, não terá seu status no governo baiano alterado. Para deputados da base, o que poderia justificar a “wagareza” de Rui, termo com que a oposição cunhou seu antecessor, o também petista Jaques Wagner, seria a sucessão na Assembleia Legislativa, onde PP e PSD brigam pela presidência da Casa.
Por este raciocínio, o governador estaria avaliando o quadro para então entrar em campo usando, inclusive, espaços na máquina estadual. Nem disso, entretanto, os aliados dizem ter certeza, uma vez que não há sinais de que o governo esteja fazendo qualquer movimento nesta direção. “Para quem quer comprar uma boa ilusão, essa é uma boa idéia, a de que Rui vai usar as secretarias para acomodar a base”, diz um deputado do PP a este Política Livre.
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