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Rui empregou uma rapidez na escolha de novo desembargador que não usa em decisões políticas, gerando grande surpresa 15 de abril de 2021 | 13:07

Rui usa ‘correria’ de fato para nomear ao TJ Geder, cuja escolha manda vários recados

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Ampliando a ‘correria’ que marcou a escolha do procurador Geder Gomes como novo desembargador na Bahia, uma dia após a escolha de uma lista tríplice pelo Tribunal de Justiça em que foi o segundo mais votado, o governador Rui Costa (PT) mandou buscar nesta manhã no TJ a ata para proceder imediatamente a nomeação do magistrado.

A escolha de Geder em tempo recorde de menos de 24 horas, bem como sua nomeação, além de ter surpreendido tanto o meio jurídico quanto o político, marca uma revolução em relação ao tempo que Rui normalmente utiliza para tomar decisões políticas, as quais costumam levar em geral uma eternidade.

Mesmo no campo das escolhas para o mundo do Judiciário, não há precedente na agilidade com que o governo atual se comportou no caso de Geder. Por qualquer prisma que se olhe, com o surpreendente açodamento de ontem para hoje, Rui conseguiu enviar alguns sinais.

Ele não estava disposto a ser submetido a pressões para decidir em favor de nenhum dos eleitos para a tríplice, que incluiu os procuradores Adriani Pazelli, o mais votado, e Nivaldo Aquino, o terceiro nome em que os desembargadores decidiram descarregar seu apoio.

Se, por um lado, ao preterir o campeão de votos, Rui desmentiu os rumores de que teria fechado um pacto com o procurador geral da República, Augusto Aras, a quem se passou a atribuir o interesse – nunca confirmado – na escolha de Pazelli, dessa vez ele escolheu alguém com quem tinha ligação direta.

Por caminhos institucionais, governador e procurador já haviam se encontrado em várias outras oportunidades, o que fez com Rui passasse a nutrir pelo membro do MP alguma estima. Por outro lado, a lista de pedidos por Geder incluiu, nacionalmente, gente como o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso.

Cardoso é advogado de meio mundo de gente no PT, inclusive do próprio Rui e do senador Jaques Wagner. Na retarguada, Geder ainda teve uma corrente heterodoxa de apoios na Bahia integrada por gente do governo, como o secretário Manoel Vitório (Fazenda), e do próprio MP, como a ex-chefe Ediene Lousado, abatida na Faroeste.

Tudo junto, Rui ainda teria tido a oportunidade de mandar um recado para setores do TJ, notadamente o grupo do desembargador Mário Alberto Hirs, recentemente indicado pelos colegas para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Nivaldo seria o candidato de Hirs, de quem, segundo se comenta no Corte, Rui passou a ter mágoa por causa de indicações, da época em que foi presidente da Corte, de colegas ao TJ que passaram a fazer oposição ou criticar abertamente o governador. E crítica, por mais justa que seja, Rui nunca esquece.

Geder, como todo mundo sabe, é inimigo pessoal de Hirs. De forma geral, a eleição da lista, do primeiro ao último colocado, parece ter revelado ainda uma influência da Faroeste, primeira operação contra a corrupção no TJ que coincide com a chegada de Aras à Procuradoria Geral da República.

Sobre Pazelli, dizem que se o campeão de votos tivesse adotado mais discrição no curso da campanha e não houvesse se envolvido recentemente num pequeno incidente com o governador, para quem soou arrogante, poderia estar no lugar de Geder.

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