Foto: Marcello Casal Jr./Arquivo/Agência Brasil
Contas externas fecham no azul em US$ 2,8 bi em junho, mas investimentos estrangeiros desabam 27 de julho de 2021 | 10:54

Contas externas fecham no azul em US$ 2,8 bi em junho, mas investimentos estrangeiros desabam

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O resultado das transações correntes ficou positivo em junho, em US$ 2,791 bilhões, informou nesta terça-feira, 27, o Banco Central. Esse é o melhor desempenho para meses de junho desde o início da série histórica do BC, em 1995.

Por outro lado, ainda em meio às incertezas sobre o futuro do Brasil, os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram apenas US$ 174 milhões no mês passado, contra US$ 5,165 bilhões de junho de 2020.

Os dados refletem os efeitos da pandemia de covid-19, que desde março do ano passado têm reduzido o volume de importações de produtos. Ao mesmo tempo, o Brasil tem se aproveitado da maior demanda global por commodities – produtos básicos, como alimentos, minério de ferro e petróleo, que são pilares da pauta de exportação do País.

A conta de transações correntes no balanço de pagamentos engloba todos os negócios do Brasil com o exterior, incluindo o saldo comercial de mercadorias e serviços, as remessas de lucros e dividendos e os juros pagos pelas empresas, além das transferências pessoais entre países.

O número de junho ficou abaixo da maioria das estimativas do Projeções Broadcast, que apostava em resultado positivo em US$ 5,150 bilhões. O BC projetava para o mês passado superávit de US$ 6,5 bilhões na conta corrente.

A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 7,288 bilhões em junho, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,614 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 3,119 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou positivo em US$ 2,430 bilhões.

No acumulado do primeiro semestre, o rombo nas contas externas soma US$ 6,975 bilhões. A estimativa atual do BC é de superávit em conta corrente de US$ 3 bilhões em 2021. O cálculo foi atualizado no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), publicado em junho.

Nos 12 meses até junho, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 19,637 bilhões, o que representa 1,27% do Produto Interno Bruto (PIB).

Investimento estrangeiro
O resultado do IDP também ficou abaixo das estimativas apuradas pelo Projeções Broadcast. A maioria dos analistas ouvidos esperava ingresso de US$ 2,500 bilhões. Pelos cálculos do Banco Central, o IDP de junho indicaria entrada de US$ 2,5 bilhões.

No acumulado do primeiro semestre, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo somou US$ 25,691 bilhões. A estimativa do BC para este ano é de IDP de US$ 60 bilhões.

No acumulado dos 12 meses até junho, o saldo de investimento estrangeiro ficou em US$ 46,629 bilhões, o que representa 3,02% do PIB.

O IDP representa os investimentos produtivos feitos por estrangeiros no País, tanto na construção de novas fábricas quanto na aquisição de participação em companhias em funcionamento.

Conta de viagens
Ainda sob os efeitos da pandemia, a conta de viagens internacionais registrou déficit de apenas US$ 221 milhões em junho, informou o BC. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em junho de 2020, o déficit nessa conta foi de US$ 72 milhões.

Com o dólar mais elevado e a restrição de voos em vários países, os gastos líquidos dos brasileiros no exterior despencaram nos últimos meses. O desempenho da conta de viagens internacionais em junho foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 449 milhões. O gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 228 milhões no mês passado.

No primeiro semestre, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 1,944 bilhão.

Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues/Estadão Conteúdo
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