Foto: Werther Santana/Estadão/Arquivo
Bolsa de Valores 21 de setembro de 2021 | 18:20

Diante de solução para a dívida dos precatórios, Bolsa se recupera e sobe 1,3%; dólar cai

economia

Os mercados buscaram por uma recuperação nesta terça-feira, 21, depois das perdas do dia anterior, com o temor de calote da gigante chinesa do mercado imobiliário Evergrande. No entanto, a sessão ainda teve alguma aversão aos riscos, com o investidor à espera da ‘Super Quarta’, quando saem as decisões de política monetária do País e dos Estados Unidos. Por aqui, a Bolsa brasileira (B3) subiu 1,29%, aos 110.249,73 pontos, enquanto no câmbio, o dólar cedeu 0,84%, cotado a R$ 5,2863.

Com o exterior mais ameno, o investidor se voltou para o cenário local, com destaque para a promessa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de enviar em breve ao Congresso uma proposta de retirar do teto de gastos a maior parte dos R$ 89,1 bilhões em precatórios devidos pelo governo. Com isso, até R$ 50 bilhões das dívidas judiciais a serem pagas pela União ficariam para 2023. A declaração veio após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Pacheco disse ainda que a “solução” acordada nesta terça “não é calote”. A proposta deverá ser bem recebida pelo mercado financeiro, na avaliação da equipe de Research da Necton Investimentos. “Deve animar o mercado porque traz força política ao debate dos precatórios. Solução dentro do teto e com pagamento dos precatórios é a melhor do ponto de vista do mercado”, afirma a instituição, em breve comentário.

Apesar do mercado aprovar, especialistas discordam da proposta. Para o economista Ítalo Franca, do Santander Brasil, esse “saldo alheio” precisa de gerenciamento para evitar o risco de acúmulo nos anos seguintes. Nos cálculos de Franca, sem nenhum tipo de gerenciamento desse “resto”, há potencial para acumular R$ 170 bilhões em precatórios não pagos entre 2022 e 2025, o que equivale a 1,5% do PIB previsto para 2022.

O dia também foi positivo no exterior. Na Europa, as Bolsas de Londres, Paris e Frankfurt tiveram ganhos de 1,12%, 1,43% e 1,50% cada hoje. Já na Ásia, a Bolsa de Hong Kong subiu 0,51%. Em Nova York, porém, os índices não conseguiram se manter totalmente em alta, com Dow Jones e S&P 500 em baixas de 0,14% e 0,08% cada, mas o Nasdaq subiu 0,22%.

Apesar do bom desempenho do Ibovespa hoje, porém, o resultado ainda não conseguiu reverter totalmente as perdas de ontem, quando o índice cedeu 2,33%. A recuperação também perdeu um pouco da força no final do pregão, após o Ibovespa chegar a subir mais de 1,5% em um dos melhores momentos do dia. No câmbio, o dólar bateu em R$ 5,26 na mínima do dia.

As dificuldades da Evergrande, que tem dívidas de US$ 300 bilhões, não saíram totalmente do radar do mercado. O Deutsche Bank diz em relatório que a incorporadora pode não conseguir entregar imóveis contratados, minando a confiança dos compradores ou retardando decisões de compra. Para o banco alemão, parte do efeito sobre o mercado imobiliário chinês já foi absorvida pelo mercado, mas ainda é preciso ver se podem se materializar mais riscos para o setor e seus ganhos no curto prazo.

Sobre o tema, o presidente da comissão de valores mobiliários americana (SEC, na sigla em inglês), Garry Gensler, afirmou hoje que os Estados Unidos estão em uma “posição bem mais forte em 2021 para absorver choques” do que estava na crise anterior (2008).

Além disso, a espera dos investidores pela ‘Super Quarta’, quando serão divulgadas as decisões sobre política monetária do Banco Central brasileiro e do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), também ficam no radar e afetam os ganhos. Além de os integrantes do Fed atualizarem suas projeções para o momento em que os juros serão elevados, o BC americano pode anunciar quando pretende iniciar a redução de compra mensal de bônus, processo chamado de ‘tapering’.

No noticiário, o presidente Jair Bolsonaro decidiu cancelar a entrevista que concederia hojea à ONU News, site de notícias da instituição, após discursar na 76ª Assembleia-Geral das Nações Unidas. A informação foi confirmada à reportagem pela Secretaria Especial de Comunicação (Secom) do governo, que, porém, não quis falar o motivo da mudança de agenda.

Estadão Conteúdo
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