13 agosto 2025
Um dos equipamentos públicos históricos de Salvador voltou a funcionar após mais de seis décadas de desativação. O Elevador do Taboão, responsável por fazer a ligação entre o Pelourinho e o Comércio, passou por obras de revitalização promovidas pela Prefeitura e, agora, se junta a outras opções de transporte disponíveis a soteropolitanos e turistas que se deslocam entre as cidades Baixa e Alta, como o Elevador Lacerda, planos inclinados Liberdade/Calçada, Gonçalves e Pilar. A inauguração do equipamento ocorreu nesta quinta-feira (30), com as presenças do prefeito Bruno Reis e da vice, Ana Paula Matos.
Durante a inauguração, o prefeito destacou que em nenhum outro momento houve uma transformação tão grande como a que vem sendo feita no Centro Histórico atualmente, com a realização de mais de 40 iniciativas. Dentre elas a recuperação do Elevador do Taboão, que já estava em ruínas.
“Tivemos a coragem de assumir esse projeto e tirar essa obra do papel. Foi necessário adequar o projeto para um maquinário próprio, mas preservamos o elevador, a história está aí preservada. E hoje nós estamos inaugurando um equipamento climatizado, panorâmico, que vai ligar as cidades Baixa à Alta e que vai ajudar a estimular a economia nessa região. É um sonho antigo dos comerciantes e mais um meio de locomoção para a população, além de mais um ponto de visitação para os turistas que vêm a nossa cidade”, afirmou Bruno Reis.
A intervenção contou com investimento de R$ 5,4 milhões, provenientes de recursos municipais. A expectativa é que, com a reativação, o ascensor se torne novo cartão postal da cidade, contribuindo não apenas para a mobilidade dos pedestres como, também, para impulsionar o turismo e economia local.
O projeto de recuperação do Elevador do Taboão foi cedido para a Prefeitura pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na Bahia (Iphan-BA). Recentemente, o Executivo municipal concluiu outros dois projetos cedidos pela entidade federal, com recursos próprios: as obras de requalificação dos Arcos da Ladeira da Conceição e da Muralha do Frontispício de Salvador.
Funcionamento
O equipamento já começa a operar amanhã (1º), de segunda a sexta-feira e terá o funcionamento gratuito por período indeterminado. A capacidade do elevador é de até 14 pessoas por viagem, mas devido à pandemia, serão transportadas, no máximo, oito pessoas por viagem.
História
Inaugurado em 19 de janeiro de 1896 pela companhia Linha Circular de Carris da Bahia, o Elevador do Taboão, assim como o Lacerda, foi símbolo da modernização e marco da arquitetura em ferro na Bahia no final do século 19. O equipamento foi inserido em um projeto de melhorias urbanas em Salvador durante o segundo mandato de Antônio Gonçalves Martins (entre 1868 a 1871), o Barão de São Lourenço.
De acordo com registros divulgados pelo Iphan, os dois ascensores não significaram apenas uma simples importação tecnológica – o maquinário foi construído na Inglaterra, na oficina de W.G. Armstrong de New Castle, a mesma que forneceu para o Elevador Lacerda -, mas uma adaptação de concepções de transportes verticais prediais europeus às condições geográficas baianas, assim como uma inovação no modelo urbano encravado na rocha.
Além disso, a engenharia e arquitetura que compõem o ascensor do Taboão marcaram época. As suas torres foram construídas com réguas de ferro chumbado cruzadas, com desenhos simétricos em forma de curva ou parábola.
O Elevador Taboão chegou a ser conhecido na cidade como “A Balança” e teve grande importância, ligando locais de moradia e de trabalho, oferecendo maior rapidez e facilitando a circulação da população. Funcionava diariamente, das 6h às 11h, custando 100 réis a passagem. As operações duraram 65 anos até que a desativação ocorresse, em 1959, num processo que deu início à degradação do ascensor.