26 novembro 2024
A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, vereadora Ireuda Silva (Republicanos), lamentou o resultado do Atlas da Violência divulgado na última semana: 77% das vítimas de homicídio no Brasil são negras, e 92% das mulheres vítimas de feminicídio na Bahia, em 2019, eram negras. Para a republicana, os dados são reveladores de um país segregado e que assassina parte de seu povo, precificando a vida com base na cor da pele e no gênero.
“Um país em que se corre risco de vida por ser negro ou mulher está trilhando um caminho perigoso, que vai contra o progresso da humanidade. É um país que resiste em deixar para trás o modus operandi do sistema escravista e das mais arcaicas sociedades patriarcais”, analisa Ireuda. “O assassinato é a última consequência de várias outras formas de violência que os negros e as mulheres, e sobretudo as mulheres negras, sofrem. Há exclusão nas mais diversas esferas, injúria, agressão física, violência sexual e por aí vai”, acrescenta.
Ainda de acordo com Ireuda, espanta que 92% das mulheres assassinadas na Bahia sejam negras — dado que revela a dupla situação de vulnerabilidade em que se encontram. “A pesquisa mostra que ser mulher negra na Bahia é quase uma sentença de morte. Será que os nossos gestores têm consciência da gravidade desse dado? As políticas públicas pela vida da mulher devem ser democráticas e horizontais, mas precisam passar pelo viés racial. É uma particularidade que não pode ser ignorada”, pontua a republicana.
Além disso, no mesmo período analisado, houve uma diminuição de feminicídios entre mulheres não negras. “Considerando que a parcela negra também é a mais pobre, percebemos o quanto as mulheres negras têm sua situação agravada por fatores socioeconômicos”, diz Ireuda.