Foto: Divulgação/Arquivo
Lúcio Vieira Lima, comandante em chefe do MDB baiano 14 de outubro de 2021 | 07:57

E o MDB volta à cena da cobiça na sucessão estadual de 2022, por Raul Monteiro*

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O MDB baiano cansado de guerra voltou à cena como parceiro de interesse das duas candidaturas que se articulam à sucessão do governador Rui Costa (PT). Tempo de TV na propaganda eleitoral e recursos do fundão disponíveis para as eleições tornam a agremiação, mais uma vez, atrativa tanto para o senador petista Jaques Wagner (PT) quanto para o secretário-geral do União Brasil, ACM Neto, ex-prefeito de Salvador que já colocou o time na rua para trabalhar seu nome ao governo baiano no pleito de 2022. Por enquanto, Wagner parece o mais receptivo ao realinhamento com os emedebistas, com os quais rompeu politicamente em meados do primeiro mandato no Estado.

Mas ACM Neto também mantém um olho na estrutura da legenda, que, por sinal, permanece na base do prefeito Bruno Reis (União Brasil), seu aliado e amigo, mas invoca a liberdade de escolher o nome com o qual pretende marchar rumo ao Palácio de Ondina. Fazendo aquele mistério sobre o rumo a tomar e, claro, buscando potencializar sua importância no debate de 2022, o comandante em chefe da sigla, Lúcio Vieira Lima, já chegou a citar publicamente, além do nome de ambos, a virtual candidatura bolsonarista do ministro da Cidadania, João Roma, como opção de apoio da agremiação para o governo nas eleições do ano que vem.

Um sinal do nível de interesse que o partido desperta é medido pela quantidade de nomes que, um ano antes do pleito, batem à sua sede, no Costa Azul, em busca de conselhos sobre a sucessão, mas que, no fundo, estão interessados em avaliar a possibilidade de poder ingressar na legenda para se colocar em posição de destaque para compor a chapa tanto de Wagner quanto de Neto. Já cumpriram o ritual de beijar a mão dos emedebistas pavimentando o caminho para uma eventual acolhida do presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintani, que até hoje não tem filiação partidária, ao deputado federal Marcelo Nilo, cuja insatisfação no PSB é nítida.

Com a independência com que circula na cena sucessória, o MDB tem deixado claro que a validade da última aliança que formalizou com o grupo do ex-prefeito expirou na sucessão municipal de 2020. Daí em diante, com uma nova disputa majoritária em curso, o jogo é outro, assim como os acertos para o futuro. Em meio à estratégia, está o canal aberto para conversar tanto com Roma quanto, especialmente, com Wagner, com quem o processo de reaproximação e entendimento, pelo menos pessoal, foi retomado há pelo menos dois anos, período em que o petista e o governador, pensando no futuro, voltaram a cortejar a legenda.

Posicionando-se no meio de uma disputa que promete ser longa e dura, os emedebistas, longe de fechar portas, estão escancarando-as para a costura de uma nova composição, inclusive, com os ‘novos antigos’ parceiros do PT. Resta saber o quanto Neto vai julgar que será necessário intervir para não deixá-los ir e dar o gostinho a Wagner de dizer que os perdeu. Hoje, o MDB pode se tornar crucial no esquema de apoio ao senador, principalmente se o PP for tragado pela onda bolsonarista que se seguirá à virtual filiação do presidente da República à sigla, afastando-se do governo. Por acaso, os dois partidos têm o mesmíssimo tempo de TV e dinheiro do fundão.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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