Foto: Justin Tallis/AFP
Editores desembarcam no Brasil para falar sobre a extradição de fundador do site para os EUA 21 de novembro de 2022 | 17:05

Lula deve se reunir com jornalistas do WikiLeaks e discutir caso Assange

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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve se reunir nesta semana com jornalistas do WikiLeaks, site fundado por Julian Assange que revelou milhares de documentos secretos dos Estados Unidos e de outros países.

O encontro, a princípio, está previsto para ocorrer na próxima sexta-feira (25), em São Paulo.

O editor-chefe do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, e o editor Joseph Farrell desembarcarão no Brasil para conversar com movimentos, lideranças políticas e organizações. A defesa da liberdade de Julian Assange e a oposição à sua extradição para os Estados Unidos estarão no centro das discussões.

Além da capital paulista, Hrafnsson e Farrell têm compromissos previstos no Rio de Janeiro e em Brasília. Há a expectativa de que eles participem de um encontro com os grupos de trabalho de comunicação e de relações exteriores do governo eleito.

Os membros do WikiLeaks ainda foram convidados para jantares com entidades jornalísticas e com advogados, artistas e influenciadores. Um encontro com parlamentares na Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), no interior de São Paulo, também está sendo organizado.

A vinda dos jornalistas ao país é coordenada pela Assembleia Internacional dos Povos (AIP) e integra uma série de compromissos cumpridos por eles na América Latina.

Em junho deste ano, durante a campanha eleitoral, Lula comentou a aprovação concedida pelo Reino Unido para a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos. “Que crime Assange cometeu?”, questionou o petista.

“Se ele for para os EUA, extraditado, certamente é prisão perpétua e certamente ele morrerá na cadeia”, disse ainda.

Lula afirmou que Assange denunciou “as falcatruas feitas no país mais importante do planeta” e que o australiano deveria “estar recebendo o Prêmio Nobel, o Oscar de decência e de coragem”.

Em 2015, o WikiLeaks divulgou informações confidenciais da Agência Nacional de Segurança dos EUA que revelavam que o governo americano espionava a então presidente Dilma Rousseff (PT), além de assessores e ministros. Ao todo, 29 telefones de membros e ex-integrantes da gestão petista haviam sido grampeados.

Antes, Assange já havia sido responsável por um dos maiores vazamentos de documentos secretos das Forças Armadas americanas. Por isso, o australiano é procurado por autoridades do país devido a 18 acusações criminais, incluindo espionagem relacionada à divulgação dos papéis confidenciais.

Após um longo imbróglio judicial, a ministra do Interior britânica, Priti Patel, aprovou a extradição do fundador do Wikileaks em junho deste ano.

Em nota, a pasta disse que os tribunais do país “não consideraram que a extradição seria opressiva, injusta ou um abuso de processo”. O australiano, no entanto, pode recorrer, e o fará, como confirmou sua esposa, Stella, em pronunciamento após o anúncio.

Segundo a nota do Ministério do Interior, ele mantém o “direito de recorrer da decisão em até 14 dias”, podendo apelar à Alta Corte de Londres, que tem de dar sua aprovação para que a contestação prossiga.

Folha de S. Paulo
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