Com entraves na Bahia Pesca, Embasa e Inema, Jerônimo promete concluir segundo escalão na próxima semana

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem adotado o mesmo estilo paciente e sem pressa que imperou na escolha do secretariado nos cargos de segundo escalão do Executivo. Nesta sexta-feira (6), o petista anunciou, com poucas surpresas, 20 comandantes de empresas, fundações, superintendências e companhias, além da direção do Hospital Roberto Santos (clique aqui para ler). Ficaram de fora órgãos importantes, dentre os quais a Embasa, o Inema e a Bahia Pesca, alvos da disputa entre lideranças e partidos da base aliada.

Dos 21 nomes anunciados hoje, 14 já ocupavam os mesmos cargos no governo Rui Costa (PT). Ou seja, a renovação chegou a apenas 33%. A maior surpresa foi a ausência do ex-presidente da extinta Bahiatursa Diego Medrado, que era aposta forte para assumir a Fundação Cultural da Bahia (Fuceb). Com a intermediação do secretário estadual de Cultura, Bruno Monteiro, a escolhida para o lugar foi a assessora da pasta e produtora Piti Canela.

Como havia antecipado este Política Livre, foram mantidos os titulares da Bahiagás, Luiz Gazzava, da cota do PCdoB; da Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb), com Alex Futuca, presidente do MDB baiano; e da Companhia de Desenvolvimento Urbano do estado (Conder), com o ex-vereador de Salvador José Trindade, nome da preferência ex-governador e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT).

Este Política Livre também havia antecipado que a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) ficaria com o ex-secretário da pasta de Desenvolvimento Agrário (SDR), o petista Jeandro Laytynher Ribeiro. O PT sempre manteve o controle tanto do órgão de segundo escalão, cobiçado pelo poder de fazer política no interior, quanto da secretaria, que já foi ocupada por Jerônimo.

O governador contemplou o PSC, sigla que se fundiu ao Podemos e não teve espaço no primeiro escalão de Jerônimo, a quem apoiou no segundo turno das eleições de 2022. O presidente estadual da legenda, Heber Santana, ex-vereador de Salvador, foi anunciado para comandar a Defesa Civil do Estado. O Patriota, outro partido da base que também não ganhou secretaria, segue sem ser beneficiado.

Durante os anúncios, Jerônimo, que desta vez não estava acompanhado do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), como aconteceu em todos os comunicados anteriores, afirmou que a escolha dos nomes do segundo escalão conta com a interferência direta dele.

Sobre os cargos que ainda faltam, ele frisou que está analisando currículos enviados pelos aliados. “É um processo criterioso, uma ação técnica, olhando um por um para que a gente possa fazer boas escolhas”, declarou o governador, que negou haver entrega de secretaria a partidos com “porteira fechada”, ou seja, com indicações políticas da mesma sigla de cima a baixo.

Sobre a Embasa, este Política Livre apurou que o governador ficou irritado com a atitude da diretora de Empreendimentos da empresa, Rita de Cássia Sarmento Bonfim, favorita ao cargo com as bênçãos de Rui Costa, de ter comunicado aos funcionários mais próximos que estaria assumindo a presidência (clique aqui para ler). Por isso, o nome dela não teria sido anunciado hoje.

Para a diretoria-geral do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), a favorita continua sendo a ex-secretária estadual de Meio Ambiente no governo passado Márcia Telles. Corre bem por fora o vereador de Salvador Henrique Carballal (PDT), que tem como padrinho na indicação Geraldo Júnior.

Já a Bahia Pesca é alvo do interesse do senador Ângelo Coronel (PSD), que articula para indicar o presidente. Coronel também deve conseguir manter o irmão Carlos Henrique de Azevedo Martins no comando da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba).