Foto: Divulgação/Arquivo
Prefeito Bruno Reis, cuja candidatura à reeleição em 2024 é natural 30 de março de 2023 | 07:15

2024: As impressões da primeira pesquisa sobre a sucessão municipal, por Raul Monteiro*

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A primeira pesquisa sobre a sucessão municipal de 2024 em Salvador, publicada na semana passada, deixou animados o prefeito Bruno Reis e seu padrinho político, ACM Neto, ambos do União Brasil. No levantamento, embora em posição inferior à que Neto registrava no mesmo período quando estava na exata condição em que ele hoje se encontra, Bruno aparece com 38% das intenções de voto, disparado à frente dos nomes que foram lembrados como eventuais opções pelo lado da oposição para disputar contra ele a sua reeleição. À luz dos números, o quadro de favoritismo do mandatário municipal parece claro.

Para reforçá-lo e ao grupo, Neto aparece ainda em patamar bem superior, com 60%, numa evidência de que a liderança que construiu sobre o eleitorado de Salvador é, além de pessoal, verdadeiramente sólida e será fundamental ao projeto reeleitoral do aliado. No time netista, no qual Bruno joga com desenvoltura e sob a mais completa confiança do líder, há hoje apenas uma meta: garantir a manutenção da Prefeitura, um espaço de poder no qual, primeiro Neto e depois ele, apenas assentaram a bandeira da gestão do grupo, se levados em conta os 20 anos que o PT caminha para comandar o Estado.

Por isso, nunca foi descartada, numa espécie de acordo tácito entre eles, a possibilidade de trocarem de posições e, eventualmente, o ex-prefeito concorrer no lugar do atual em 2024, na eventualidade de uma urgente necessidade eleitoral. Entretanto, a performance que ambos exibem, depois da campanha estadual do ano passado e faltando um ano e meio para a próxima disputa, está longe de aconselhar qualquer sinal de mudança de rota. O primeiro ponto a favor de Bruno é exatamente a ausência de uma candidatura tão natural quanto a sua no campo diametralmente oposto ao dele.

Não há, pelo menos segundo o levantamento, nenhum nome que hoje efetivamente se destaque para confrontar o prefeito nas urnas, um cenário diferente daquele que marcou a sucessão de Neto, onde, na esteira da chance de troca de comando no Thomé de Souza, ameaças surgiram aqui e ali até serem contidas pela pronta articulação governista municipal. Bruno tampouco é mais um novato na arte de governar, sobre quem a única credencial política que se destaque é a de ter um padrinho poderoso que avalize, para o eleitorado, sua capacidade de gerir uma cidade desigual e problemática como a capital baiana.

Sob seu comando, Salvador não desandou em nada desde que lhe foi entregue por Neto. É claro que, a mais de 12 meses para que a disputa se apresente com seus primeiros contornos, muita água certamente vai rolar embaixo da ponte. Ainda não se sabe, por exemplo, se depois de conquistar o governo numa corrida muito suada com Jerônimo, o PT vai continuar tratando as eleições em Salvador com a mesma pouca importância que lhe atribuiu desde que chegou ao poder no Estado, há 16 anos, ou se, numa inflexão radical, vai articular um nome competitivo para disputar de verdade o poder na capital. Afinal, como mostrou o último pleito, tudo sempre pode acontecer.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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