Foto: Myke Sena/Câmara dos Deputados
Plenário da Câmara dos Deputados 24 de julho de 2023 | 14:16

Ao menos 15 deputados da bancada baiana na Câmara já emplacaram cargos federais; ambição do Centrão pode afetar distribuição no Estado

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Dos 39 deputados da bancada baiana na Câmara Federal, ao menos 15 já emplacaram indicações para cargos federais na Bahia. As negociações envolvendo a adesão de partidos como o PP e o Republicanos à base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) podem ter impacto direto nas conversas entre os parlamentares do Estado e o Planalto.

A distribuição dos cargos foi acelerada durante e após a votação da reforma tributária, mas, depois de algumas nomeações, suspensa por conta das conversas que devem avançar em agosto entre o governo, o PP, o Republicanos e outras legendas que já possuem ministério, porém almejam uma representatividade maior – é o caso do União Brasil, que até agora ficou com os principais espaços federais na Bahia, mesmo sendo adversário local do PT. Uma minirreforma ministerial está sendo discutida abertamente.

No final da semana passada, o governo confirmou as indicações de duas diretorias da Companhia das Docas da Bahia (Codeba), uma para o deputado Gabriel Nunes (PSD) e outra para a deputada Ivoneide Caetano (PT), como foi relevado pelo Política Livre.

A deputada Lídice da Mata (PSB), que indicou para o comando do órgão o ex-presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) Antonio Carlos Tramm, ainda não obteve sucesso. O Ministério dos Portos e Aeroportos, capitaneado por Márcio França, do PSB de São Paulo, pode parar nas mãos de um dos partidos do Centrão como forma de ampliar a base de Lula na Câmara. Essa manobra, se ocorrer, tem chances de criar obstáculos para o pleito de Lídice.

Outro alvo de disputa é o comando da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), inclusive na Bahia. Enquanto em Brasília partidos do Centrão reivindicam o controle do órgão, que chegou a ser extinto no início do governo Lula, a briga no Estado está entre os deputados Cláudio Cajado (PP) e Alice Portugal (PCdoB). O parlamentar pepista, que é do Centrão e um dos principais aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deseja manter no posto a indicada Keyla Oliveira Pinto, no cargo desde a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

As duas superintendências da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), tidas no meio político como as estruturas mais cobiçadas, seguem sob a batuta do União Brasil, por meio dos deputados Elmar Nascimento e Arthur Maia, muito fortes no Centrão e também próximos de Lira. O PT já teria, inclusive, suspendido a briga pela unidade de Bom Jesus da Lapa, a cargo de um indicado de Maia desde o governo Bolsonaro.

Vale lembrar que o União Brasil também indicou o comando dos Correios na Bahia, por meio do deputado Dal Barreto. A sigla, que no governo Bolsonaro era a favor da privatização da empresa, reivindica a presidência também nacionalmente.

Até mesmo o PL baiano foi contemplado, por meio da indicação de Jonga Bacelar, que tem votado com o governo, para o comando da Superintendência de Patrimônio da União. Outro órgão cobiçado, o escritório do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas no Estado foi ocupado por um indicado da família Coronel – o senador Angelo Coronel e o deputado Diego Coronel, ambos do PSD.

Houve quem indicasse parentes para ocupar espaços federais na Bahia, como foi o caso do deputado Raimundo Costa (Podemos), que colocou o filho Rainan Costa na chefia da Superintendência da Pesca e Aquicultura. O parlamentar ainda emplacou outra indicação: a do ex-assessor George da Hora, presidente do Podemos em Salvador, no comando do Geap, o plano de saúde dos servidores federais.

Há aliados mais próximos do governo, como o PDT, cujos parlamentares na Bahia ainda não emplacaram indicações. O pedetista Leo Prates, por exemplo, espera ser contemplado com a indicação para a presidência do Ibama na Bahia, o que não aconteceu até o momento – nas últimas duas semanas, vários superintendentes nos estados foram nomeados, mas não aqui.

Outros, a exemplo dos representantes do Republicanos, aguardam as conversas entre o Planalto e a cúpula nacional do partido. Presidente da legenda no Estado, o deputado Márcio Marinho tem dito que não está interessado em indicar cargos federais e que o partido segue “independente”. É a mesma posição pregada pelo presidente estadual do PP, o deputado federal Mário Negromonte Júnior, que já é aliado de Lula. Há ainda aqueles que decidiram ficar na oposição de corpo e alma e não serão premiados, como é o caso dos deputados Capitão Alden (PL) e Roberta Roma (PL).

Também já emplacaram indicações de cargos importantes na Bahia os deputados Antonio Brito (PSD), Daniel Almeida (PCdoB), Jorge Solla (PT), Joseildo Ramos (PT), Valmir Assunção (PT) e Ricardo Maia (MDB).

Política Livre
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