12 junho 2025
O Movimento Negro Unificado (MNU) da Bahia está realizando campanha contra o que classifica como extermínio da população jovem negra do estado praticado pela Polícia. Em nota pública, o movimento faz uma denúncia contra o que chama de ‘política de execução institucionalizada na Bahia’ e pede ao Ministério Público e à Defensoria Pública a responsabilização do Estado pelos homicídios.
“A Bahia é o estado com o maior número de mortes por policiais do Brasil, possuindo 11 das 20 cidades mais violentas do Brasil, expressando uma lógica de execução autorizada pelo Estado contra corpos negros. O método consolidado pelo Governo Estadual e sua Secretaria de Segurança Pública tem sido a política de morte”, destacou a nota.
A campanha “Câmera nas polícias já!”, lançada no 2 de Julho,” exige que tenham câmeras filmadoras acopladas nos fardamentos policiais como uma medida de inibir o genocídio da população negra e garantir apuração, punição e reparação às famílias nos casos de mortes praticados por policiais.
“Exigimos a gravação e um rígido monitoramento contra as edições de imagens, pois, enquanto movimento, entendemos que é inadmissível que o estado mais negro do Brasil seja o que mais mata no País. Os números mostram a urgência de intervenção do Governo do Estado diante as ações violentas das Polícias nas periferias da capital e interior”, pontua Samira Soares, Coordenadora Geral do MNU na Bahia.
Para o MNU, a prática recorrente da Segurança Pública da Bahia em criminalizar a juventude e o povo negros, sob a justificativa de estar em combate contra as drogas, é, na realidade, resultado do racismo institucionalizado.
“Pensar a promoção da igualdade racial no Estado está inteiramente ligado ao direito à vida e bem viver da população negra. Dados do MNU BA, mostram que vivemos ainda debaixo de um sistema institucionalizado de opressão, que lucra com o aprisionamento e extermínio da população negra, uma herança dos tempos de escravidão”, afirmou Samira.
De acordo a nota do MNU, em 7 anos houve um crescimento de 313% de mortes praticadas por policiais da Bahia. “Segundo o Monitor da Violência, as polícias da Bahia mataram 354 em 2015 e 1.464 pessoas em 2022, o que representa 22,7% do total das 6.430 mortes por policiais em todo o Brasil. Em 2021, a cada 100 mortos pela Polícia da Bahia, 98 eram negros. Em Salvador, de 299 assassinatos cometidos por policiais apenas um era branco”, destacou.
A entidade ainda pede em nota que o Governo do Estado e a Secretaria Estadual de Segurança Pública reconheçam a gravidade da situação e que a Política de Segurança Pública seja revisada e alterada com urgência e responsabilidade. E reitera a solicitação ao Ministério Público e à Defensoria Pública para que medidas de responsabilização aos criminosos e assistência às famílias sejam tomadas.