13 junho 2025
A atuação de um grupo ligado a Jorge Paulo Lemann na educação federal causou constrangimento em aliados do governo Lula no Congresso, que sob reserva manifestaram à Coluna desconforto com a notícia. Somente o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), saiu em defesa pública do Palácio do Planalto. “Simplesmente não existe aproximação com governo”, declarou.
A MegaEdu, ONG financiada por Lemann, opina sobre conexão de escolas públicas à internet. Também participa de conselho do Ministério das Comunicações que define parte dos cerca de R$ 6,6 bilhões que serão destinados para a conectividade de estudantes.
“Vejo com surpresa e preocupação. A Lemman tem um espaço assegurado no Todos pela Educação, que tem muita influência em setores do MEC, na política pedagógica. Com essa outra linha de intervenção, superdimensionou [a Fundação]”, reclamou à Coluna um governista, integrante da Frente Parlamentar Mista da Educação. O parlamentar destaca o que chama de “tendência neoliberal” do grupo.
Procurada, a equipe de Tabata Amaral (PSB-SP) afirmou que a parlamentar não comentaria. Ela preside a Frente parlamentar Mista da Educação. A deputada participou, antes de ser eleita, de um dos programas da Fundação Lemann, quando se formou em Harvard.
Outros parlamentares governistas da Frente da Educação também preferiram não comentar, como a deputada Duda Salabert (PDT-MG).
Sob reserva, um deputado da oposição, que integra a frente da educação, afirma que não há nada de errado sobre a fundação ter espaços no governo. “O problema é a hipocrisia”, diz, lembrando das críticas feitas pelo presidente Lula da Silva a Jorge Paulo Lemann.
Em fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou Lemann no caso das Americanas. O empresário é um dos maiores acionistas da companhia, que entrou em recuperação judicial após um escândalo contábil vir à tona em janeiro.
“Esse Lemann era vendido como o suprassumo do empresário bem-sucedido. Era o cara que financiava jovens para estudarem em Harvard para formar um novo governo. Falava contra a corrupção todo dia. E depois comete uma fraude que pode chegar a R$ 40 bi”, disse o petista em entrevista para a RedeTV. “Vai acontecer o que aconteceu com o Eike Batista. As pessoas vendem uma ideia que elas não são, na verdade”, prosseguiu.
Augusto Tenório/Estadão