20 maio 2025
Paulo Lima, o Galo de Luta, liderança entre entregadores, disse no sábado (30) na rede social X, o antigo Twitter, que furtava entregas quando o valor da compra passava de R$ 500. Na publicação, ele afirmou que “achava um desaforo” entregar uma refeição que custava o mesmo de uma compra que, para sua família, duraria o mês todo.
Na sequência de publicações, Galo relatou que, em um dia sem ter o que comer, foi chamado para retirar um pedido de R$ 750 em uma cantina italiana. A refeição, que deveria ser entregue em Moema, bairro da zona sul de São Paulo, nunca chegou ao destino.
“Naquele dia, eu cai de moto e fui me curar com a minha família”, escreveu. “Lembro de morder o file mignho e pensar ‘nem força pra mastigar eles faz.'” Na manhã deste domingo (31), voltou ao assunto. “Acordei pensativo e de fato eu cometi um erro. O certo seria Filet Mignon!”
Galo também citou o caso do influenciador Felipe Neto, que relatou na mesma rede social problemas com um pedido de R$ 1.129, feito no dia 25 de dezembro e que não foi entregue. Depois, Felipe disse que o restaurante afirmou ter havido um erro do aplicativo de entrega, pois o estabelecimento estava fechado.
“A direita ta brava com o Felipe Neto que pediu 1 e 200 de comida e ta brava comigo que 1 dia comi uma refeição de 750 reais”, escreveu. “Tem uns petista meio bravo também! Aquele filet mignon tava uma delícia! Sem arrependimentos!”
O relato de Galo foi criticado à esquerda e à direita, e também em grupos de entregadores em aplicativos de mensagem. Houve também quem o defendesse e quem visse, no relato, uma estratégia alinhada às ambições do ativista de se lançar candidato à Câmara de Vereadores em 2024.
Paulo Galo mantém no ar uma campanha de arrecadação de dinheiro. Segundo ele, desde que começou a dar entrevistas e atuar como ativista por direitos trabalhistas aos entregadores, foi bloqueado nos aplicativos e não pode mais trabalhar com entregas.
Ele foi uma das lideranças à frente do Breque dos Apps, manifestação realizada por diversos grupos de entregadores durante a pandemia de Covid-19, período em que o trabalho de entrega ganhou mais atenção, tanto pelo aumento de trabalhadores que buscaram esse tipo de ocupação, quanto pelo aumento da demanda, com o seguimento de recomendações de isolamento social.
Nos relatos feitos no sábado no X, Galo não disse para quais aplicativos trabalhava quando ocorreram os furtos, nem quando.
Quanto o valor ultrapassava 500 reais eu nao entregava eu levava pra casa, eu achava um desaforo ter que entregar um refeicao no valor da compra do mes da minha familia! Dito isso zero problema de fulano X ou Y gastar o que quiser no app que quiser cada um lida da sua forma! +
— Galo (@galodeluta) December 30, 2023
O iFood, que domina o segmento de entrega de refeições, diz que quaisquer descumprimentos das regras de uso do aplicativo podem resultar em banimento.
“No caso de entregadores, as desativações ocorrem quando recebemos denúncias e temos evidências do descumprimento das regras aceitas por eles quando se cadastram no iFood: extravio de pedidos, fraudes de pagamento, cessão ou aluguel da conta para terceiros e mau uso da plataforma”, afirmou o app, em nota.
Para pedidos extraviados, o aplicativo diz que, quando há a comprovação de que a refeição ou compra não foi entregue, o entregador é bloqueado e o valor da compra é estornado ao cliente.
Nos pedidos feitos por meio do app, porém, nem sempre a entrega é do iFood. O aplicativo diz que cerca de 65% das entregas são de responsabilidade dos estabelecimentos —nesses casos, a empresa funciona somente como ponte para os pedidos.
Folha de S. Paulo