1 novembro 2024
Em curta passagem por Salvador neste final de semana, a ministra do Meio Ambiente Marina Silva, em entrevista exclusiva a este Política Livre durante a plenária estadual da Rede Sustentabilidade, partido que ajudou a fundar, disse que houve avanços das políticas ambientais no governo Lula e deixou em aberto o seu futuro político. Para Marina, que já concorreu à Presidência em algumas oportunidades, ela nunca planejou ser ministra, nem deputada federal por São Paulo.
Marina ainda comentou sobre a visita do presidente da França, Emmanuel Macron, e salientou que o Brasil tem no país europeu uma forte “cooperação bilateral”. A ministra ainda disse que é “abissal” a diferença entre o Governo Lula e o ex-presidente Bolsonaro quando o assunto é a pauta ambiental.
Confira abaixo a entrevista:
Política Livre – A senhora reassumiu a pasta do Meio Ambiente no governo Lula denunciando um completo desmonte das políticas públicas no campo ambiental durante o governo passado de Jair Bolsonaro. Em que a senhora pode dizer que o governo atual avançou em relação à gestão anterior?
Marina Silva – Sem dúvida. Nós tínhamos uma ‘não política ambiental’. Já conseguimos reduzir o desmatamento em 50% em 2023 e nesses primeiros três meses de 2024, uma redução de 40%. Conseguimos reduzir desmatamento na Mata Atlântica também em mais de 40%. Já temos o plano de prevenção e controle do desmatamento do Cerrado, já fizemos uma reunião com os governadores, com parte do setor empresarial do agronegócio, para fazer o mesmo enfrentamento no Cerrado, já retomamos as políticas de criatividade. De unidades de conservação. Estamos fazendo várias políticas transversais. Já temos um plano de transformação ecológica que está sendo implementado, fizemos o plano Safra em bases sustentáveis, já vamos para a versão 0.2 do plano Safra. A mudança é abissal, até porque o presidente Lula tem compromisso com o combate à desigualdade, ao enfrentamento da mudança climática e o nosso compromisso é de desmatamento zero até 2030.
“O Brasil tem uma forte cooperação com a França. O presidente Macron foi muito bem-vindo”
Como avalia a visita recente do presidente francês Emmanuel Macron ao Brasil?
Foi uma visita no âmbito da nossa cooperação bilateral. O Brasil tem uma forte cooperação com a França. O presidente Macron foi muito bem-vindo. O presidente Lula fez questão de mostrar o que está acontecendo, quanto essa parceria é importante e estratégica para nós no âmbito das nossas relações bilaterais e, obviamente, que buscando ampliar cada vez mais os nossos mercados junto à União Europeia, trabalharmos para que a gente consiga viabilizar o acordo Mercosul com a União Europeia, mas para, além disso, uma robusta colaboração em bases tecnológicas e culturais com a França.
“Eu não fico focada na próxima eleição, eu vou fazendo o meu trabalho”
Nenhum interesse em disputar um cargo majoritário no Acre?
Em relação à campanha política, nós ainda estamos no começo do governo, eu não fico focada na próxima eleição, eu vou fazendo o meu trabalho. Eu fui candidata por São Paulo, tive a honra de ser eleita deputada federal pela terceira vez, ministra do Meio Ambiente no governo do presidente Lula… Se eu fosse planejar o que eu ia fazer, eu nunca ia imaginar um dia que eu seria deputada federal por São Paulo e a ministra pela terceira vez. O que a gente tem é que trabalhar, como diz a Bíblia, que a gente deve fazer aquilo que é bom e o resto vem por acréscimo.
“O que nos une a todos é a defesa da democracia.”
A senhora entende que a esquerda brasileira tem um comando único, que é o presidente Lula?
No nosso lado, não tem comando único, tem liderança. E isso é muito bom. O que nos une a todos é a defesa da democracia. Aí sim, é possível um comando único nesse lado. Porque nós podemos ser tolerantes, mas não podemos tolerar aqueles que são contra a democracia. Aonde não existe alternância de poder não existe democracia e quem decide a alternância de poder é o povo decidiu que o Lula deveria ser o presidente pela terceira.
Qual a diferença para a Direita bolsonarista?
Não querem a democracia, atacam a democracia, você pode verificar, solta uma mentira, uma fake news, todo mundo reproduz. Uma visão autoritária, autocrática, que diz que vacina não é bom. A pessoa está morrendo e continua repetindo dizendo que vacina.
Política Livre