Foto: Divulgação/Arquivo
Desembargador eleitoral Pedro Godinho 08 de maio de 2024 | 12:20

Recondução de Godinho ao TRE marca resposta altiva do TJ ao governo e recado a magistrado

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A eleição hoje (08) pela manhã do juiz de Direito Pedro Rogério Godinho para um segundo termo como desembargador titular do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) foi considerada no Tribunal de Justiça da Bahia como uma resposta altiva da Corte a setores do Executivo, além de um recado claro a um de seus mais destacados magistrados.

Segundo rumores que circulam desde ontem no Tribunal, desde o momento em que ficou claro que Godinho tinha a preferência dos desembargadores para ser indicado para mais um mandato na Corte Eleitoral, setores do governo estadual teriam passado a se movimentar para tentar impedir que ele fosse reconduzido.

Os próprios magistrados apontam um advogado com relações pouco claras com o Executivo como um dos mais ativos militantes contra a reeleição do juiz. Seria Pedro Scavuzzi, que chegou a participar de um encontro recente do governador Jerônimo Rodrigues (PT) com a presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Cyntia Resende.

Não se sabe se o assunto Godinho entrou na pauta da reunião, mas o fato de Scavuzzi não exercer qualquer função pública, ou seja, não representar nenhum dos três Poderes, acabou sendo o fato que mais chamou a atenção dos magistrados nas postagens em que ele aparece ao lado da presidente do Tribunal e do governador, estimulando a especulação de que o advogado pode ter tentado pressionar a Corte na votação.

O recado da maioria dos desembargadores, por sua vez, teria sido para o colega Roberto Frank. Apesar de bem eleito, por meio de uma composição, na mesma chapa de Cyntia, para a Corregedoria Geral, ele viu seu candidato Jonny Maikel receber apenas 14 votos contra os 43 obtidos por Godinho.

Ainda que Maikel fosse figura de pouca expressão aos olhos do colégio eleitoral e, portanto, um concorrente fraco para o vitorioso, na hora de expressar sua escolha os desembargadores não teriam deixado de lembrar de uma situação em que seu padrinho, quando presidente do TRE, tentou humilhar Godinho.

Foi no episódio em que o juiz chegou ao Tribunal usando o carro de um parente plotado com propaganda do então candidato a governador ACM Neto (União Brasil) e recebeu um exagerado esculhacho público de Frank, que usou o episódio para tentar caracterizá-lo como um julgador parcial.

A imputação chegou a ser objeto de análise no CNJ, perante o qual, no entanto, Godinho provou, estatisticamente, que suas decisões na Corte mais prejudicavam do que favoreciam ACM Neto, do qual seu pai, o ex-vereador Pedro Godinho, sempre foi aliado.

Aliás, ao prestígio do pai, um político respeitável e querido na sociedade baiana, conhecido pela gentileza e capacidade de fazer amigos, se atribui parte do sucesso do juiz na votação de hoje, o que lhe dá também a condição de mais longevo magistrado a atuar no TRE.

Ele foi por duas vezes suplente antes de assumir o primeiro mandato de desembargador na Corte, há dois anos. À referência paterna, Godinho soube aliar ainda a determinação pessoal de buscar a recondução, deflagrando uma campanha na qual conversou com alguns magistrados mais de três vezes.

Foi, neste ponto, favorecido pela boa memória de sua atuação como magistrado do TJ e do TRE, além da simpatia e humildade, um traço que o diferencia, inclusive, de dois de seus primos conhecidos por militarem na área jurídica.

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