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O novo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer 06 de julho de 2024 | 17:45

Premiê britânico suspende plano de deportações para Ruanda logo após assumir

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O novo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, confirmou neste sábado (6) que o seu governo não seguirá a política de seus antecessores do Partido Conservador de deportar solicitantes de asilo no Reino Unido em situação irregular para Ruanda.

“O esquema de Ruanda estava morto e enterrado antes mesmo de começar”, disse Starmer em uma entrevista coletiva.

“Não estou disposto a prosseguir com artimanhas que não funcionam”, continuou, referindo-se ao fato de que a lei não cumpriu seu objetivo inicial, de diminuir as chegadas de migrantes em situação irregular através do Canal da Mancha. Mais de 7.500 deles entraram no Reino Unido em pequenos barcos por essa via até o início de maio deste ano —um recorde histórico.

Ruanda é um país no centro da África, a 7.000 quilômetros de distância do Reino Unido. O país africano tem um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo.

A deportação de migrantes em situação irregular para Ruanda era uma das principais bandeiras da gestão anterior, do Partido Conservador.

O plano foi formulado inicialmente por Boris Johnson, premiê do Reino Unido entre 2019 e 2022. Depois de sua renúncia, os líderes que o substituíram no comando do país, Liz Truss e Rishi Sunak, continuaram batalhando por sua aprovação apesar de entidades de direitos humanos, tribunais nacionais e internacionais e até mesmo alguns membros da sigla serem contra ela.

Depois de uma série de reveses judiciais que incluiu uma reformulação completa do projeto, o Parlamento britânico aprovou a lei, que previa que solicitantes de refúgio que chegassem ao país sem autorização fossem enviados a Ruanda enquanto suas requisições eram processadas, em abril deste ano.

No mês seguinte, em maio, autoridades policiais começaram a prender requerentes de asilo em situação irregular com a intenção de deportá-los para Ruanda. A ideia era que os primeiros voos acontecessem em julho —o que não deve ocorrer com a decisão de Starmer.

Apesar de ter ficado tão pouco tempo em vigor, medida custou aos cofres públicos britânicos pelo menos £ 240 milhões (R$ 1,54 bilhões) até o fim de 2023. O valor tinha sido encaminhado a Ruanda para que o país fornecesse serviços de hospedagem aos requerentes de asilo.

Segundo estimativas divulgadas em novembro, entre junho de 2022 e o mesmo mês de 2023, o Reino Unido recebeu cerca de 970 mil migrantes, sem contar os vindos da União Europeia (mais 130 mil). Os que têm possibilidade de pedir asilo político, no entanto, são apenas aqueles perseguidos por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou pertencimento a um determinado grupo social.

Starmer assumiu oficialmente o cargo de premiê na sexta (5), após se reunir com o rei Charles 3º. O protocolo exige que o líder da maioria eleita visite o monarca britânico, que então pede que ele forme um governo.

Em seu primeiro discurso oficial na função, o trabalhista reafirmou um dos motes de sua campanha, “país primeiro, partido depois”, e disse que o Reino Unido precisa de um grande recomeço, uma “redescoberta de quem somos”.

Starmer, 61, assume após uma vitória acachapante nas eleições gerais nesta quinta-feira (4), quebrando um domínio de 14 anos dos conservadores no poder. À frente da legenda desde 2020, ele teve êxito em se adaptar ao centro, atuando nos últimos meses para afastar de seu partido propostas e lideranças de esquerda.

O resultado impôs ao Partido Conservador, liderado pelo ex-primeiro-ministro Rishi Sunak, a maior derrota da história da sigla, fundada há 190 anos, em 1834.

Folhapress
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