Entrevista – Tonha Magalhães: “Meu foco é Candeias, e o que vai acontecer no futuro o tempo vai dizer”

Liderança histórica de Candeias, município da Região Metropolitana de Salvador, a ex-prefeita Tonha Magalhães (Avante) surpreendeu o mundo político ao anunciar aliança eleitoral com o PT, partido que sempre esteve no lado oposto das suas preferências.

A decisão de ser candidata a vice-prefeita na chapa encabeçada por Marivalda (PT) também gerou agitação pelo fato de seu filho Júnior Magalhães fazer fazer do secretariado do prefeito Bruno Reis (União Brasil) em Salvador, mas segundo ela a função dele é técnica e “não tem nada a ver” com a negociação política.

Nesta entrevista exclusiva ao Política Livre, Tonha Magalhães fala sobre a aproximação com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), como ficou a relação com o ex-prefeito ACM Neto e os planos que tem para a gestão municipal, se vencer as eleições. Confira a entrevista completa:

A senhora é um quadro histórico da política de Candeias que sempre foi ligado ao grupo político de oposição ao PT. O que pesou na decisão de fechar composição com Marivalda e com o PT?

Acontece que é o seguinte. A minha decisão é em prol de Candeias. Candeias está vivendo um verdadeiro abandono. Só quem precisa dos serviços mais necessários, tipo saúde, tipo emprego, é que sabe como é que está Candeias. Então, essa decisão foi em prol de Candeias. Está resumido.

Antes de fechar com Marivalda, a senhora chegou a ter conversas com o atual prefeito?

Tive, tive uma conversa com ele, porém o povo que me segue não aceitou. Essa votação que toda a Bahia conhece que eu tenho, não é só meu voto, porque eu só tenho um voto agora. Essa votação toda vem do meu povo, e é esse povo que eu tenho que respeitar, a quem eu tenho que pedir opinião. E quando comecei a consultar, o povo não aceitou, então eu não posso fazer nada que vá de encontro ao povo.

“O cargo de Júnior Magalhães na prefeitura de Salvador nunca foi e não é um cargo político, é um cargo técnico”

Seu filho Júnior Magalhães é secretário na prefeitura de Salvador. A senhora teve alguma conversa com o prefeito Bruno Reis, teve algum alinhamento nesse sentido?

Eu já falei e repito quinhentas vezes, não tem nada a ver. O cargo de Júnior Magalhães na prefeitura de Salvador nunca foi e não é um cargo político, é um cargo técnico, porque quem conhece sabe que ele é 100% técnico. E Bruno Reis sabe muito bem o serviço que ele presta ali e Bruno Reis sabe reconhecer. E para encerrar a pergunta, vou lhe dizer, Júnior é meu filho, todo mundo sabe, amo de paixão, assim como ele também ama essa mãe de paixão, mas ele é uma pessoa e eu sou outra.

“Salvador é Salvador, Candeias é Candeias. O meu foco é Candeias. Meu partido hoje chama-se ‘Melhores dias para Candeias”

Mas de alguma forma a senhora teme algum tipo de retaliação, tipo a exoneração dele?

Nenhuma, porque ele continua fazendo o trabalho dele, inclusive é um braço direito na campanha de Bruno. Então, como eu disse, não tem nada a ver. Salvador é Salvador, Candeias é Candeias. O meu foco é Candeias. Meu partido hoje chama-se ‘Melhores dias para Candeias, melhores condições para o povo de Candeias’, que está aí relegado, que está aí abandonado, que está aí ao léu da sorte. E quem me conhece sabe que eu sempre preservei pela melhoria do povo de Candeias, sempre respeitei, sempre cuidei e lhe digo mais, o que me faz permanecer na política até hoje é a vontade de servir, de servir a toda a população e, principalmente, aqueles que mais necessitam. E isso aí é missão. Pra mim isso é missão. Ajudar aqueles que mais precisam, levantar aqueles que estão ali caídos. Isso aí é missão que Deus me deu. E isso ninguém tira.

No dia da convenção do Avante, o governador Jerônimo Rodrigues falou em estender para o futuro essa aliança política municipal. Isso já é uma sinalização de que a senhora deve apoiar a reeleição do governador?

É. Como já lhe falei, meu foco é Candeias. E o que vai acontecer no futuro o tempo vai dizer.

“Fiquei ao lado dele (ACM Neto), mas chegou a hora de olhar unicamente para Candeias”

E como fica a relação com ACM Neto?

Ele só sabia da minha decisão de ir para o Avante. Mas eu sempre, eu fiquei todos esses anos do lado dele. Respeito muito, mas chegou a hora de olhar unicamente para a Candeias, para o bem-estar do povo de Candeias.

Com esse novo desenho político, a senhora pretende se lançar candidata em 2026, deputada federal, estadual?

O tempo vai dizer e o povo vai decidir.

“Candeias precisa de um choque de gestão”

Sobre o futuro de Candeias, o que a senhora considera ser o maior desafio da administração, caso consiga vencer a eleição com Marivalda?

O maior desafio hoje, agora em Candeias, é colocar a saúde dentro dos parâmetros que venha atender a 100% da nossa população, porque é inadmissível que uma cidade, um município, arrecadando R$ 57 milhões por mês, a gente tenha que penar aqui nesse município por uma cirurgia, por um exame de imagem tipo tomografia, uma ressonância magnética e outras coisas mais, por um hemodiálise. Você tem que sair daqui, levar seus pacientes para Salvador, para outros locais, para fazer aquele procedimento de hemodiálise. A cidade não tem um leito de UTI. Você acha o que? Precisa de desafio maior? E além disso, um outro desafio também é a geração de emprego e renda, porque o nosso povo aqui vive ao léu da sorte sem emprego. A maioria dos pais hoje tem que estar fora de Candeias, em outros estados, em busca de ganhar o sustento da sua família, quando poderia estar aqui na cidade, trabalhando aqui, ganhando o seu dinheiro aqui. É outro desafio. E tem muito mais. Candeias precisa de um choque de gestão.