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O candidato de oposição Edmundo González 09 de agosto de 2024 | 19:35

Ex-presidentes e ganhador do Nobel pedem que governos reconheçam vitória de González na Venezuela

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Um grupo composto por lideranças internacionais, como o ex-secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) Ban Ki-moon e o ex-presidente da Colômbia Juan Manuel Santos, ganhador do prêmio Nobel da Paz, elaborou uma carta aberta em que pede que chefes de Estado do mundo inteiro reconheçam o candidato de oposição Edmundo González como presidente eleito da Venezuela.

A movimentação ocorre após o ditador Nicolás Maduro ter sido declarado reeleito em resultado contestado por vários países e observadores internacionais.

“O povo venezuelano falou alto e claro por um futuro melhor. Eles não buscam vingança, mas sim uma transição pacífica para um governo que elegeram, permitindo a reconstrução econômica e a revitalização do país”, diz o documento.

Entre os signatários ainda estão a ex-presidente da Irlanda Mary Robinson, o ex-presidente do México Ernesto Zedillo Ponce de León, a ex-primeira-ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland e o ex-presidente da Mongólia Elbegdorj Tsakhia.

O presidente da Human Rights Foundation, Gary Kasparov, a ativista Masih Alinejad e o líder de oposição venezuelana Leopoldo López, protagonista de levante ao lado de Juan Guaidó em 2019, também endossam o documento.

A carta pede que os chefes de Estado se posicionem “para garantir que a vontade do povo venezuelano seja respeitada”. “Os dados estatísticos e outras evidências são conclusivos de que González obteve uma vitória esmagadora”, segue.

Segundo o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), aparelhado pelo chavismo, Maduro ganhou com 52% dos votos, contra 43% de Edmundo González. O CNE, porém, até agora não divulgou as atas que comprovariam a vitória. Maduro pediu à Suprema Corte que “certifique as eleições”.

O Carter Center, o maior e um dos únicos observadores independentes da eleição presidencial na Venezuela, afirmou que González venceu de maneira clara e “por uma margem intransponível” o pleito.

“Se a comunidade internacional se unir neste ponto, isso impedirá que o regime anterior normalize a fraude eleitoral. Isso também ajudará a apoiar as normas internacionais em torno de eleições democráticas e a transferência de poder”, afirma ainda a carta.

“Pedimos que você use sua voz respeitada e influência global para ajudar a persuadir o governo Maduro a aceitar os resultados das eleições e garantir uma transferência plena e pacífica do poder para a nova administração do legítimo presidente, Edmundo González”, finaliza.

Nesta semana, 30 ex-presidentes enviaram uma carta diretamente a Lula (PT) pedindo que o petista adote um posicionamento firme a respeito das eleições venezuelanas.

Os ex-líderes fazem parte da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (IDEA). Entre os signatários estão Maurício Macri, da Argentina, Mario Abdo, do Paraguai, Felipe Calderón, do México, e André Pastrana, da Colômbia.

Leia, abaixo, a íntegra do documento assinado pelos líderes internacionais:

“Caros chefes de governo e Estado e representantes estrangeiros, e chefes de instituições internacionais,

Nós, abaixo assinados, pedimos sua liderança para garantir que a vontade do povo venezuelano seja respeitada, e que a comunidade internacional reconheça os resultados da eleição, com Edmundo González como seu vencedor e o legítimo Presidente da Venezuela.

Os dados estatísticos e outras evidências são conclusivos de que González obteve uma vitória esmagadora. Esforços de tabulação de votos independentes, confiáveis e validados por especialistas mostram que González obteve cerca de dois terços dos votos. Contagens oficiais de 81% das seções eleitorais dão a González 67,1% dos votos válidos contra 30,4% para o presidente em exercício, Nicolás Maduro. Mesmo que Maduro obtivesse 100% de todos os votos restantes dos 19% das seções eleitorais, González ainda teria obtido uma maioria eleitoral substancial.

Em outras palavras, a margem de vitória revelada pelas contagens oficiais das seções eleitorais é tão grande que é matematicamente impossível que Maduro tenha vencido a eleição. Além disso, a vitória da oposição é consistente com todos os dados de pesquisas de opinião disponíveis e com o esforço exaustivo de monitoramento de votos da oposição. E essa vitória ocorre apesar das medidas extremas tomadas pelo regime para minar o processo democrático, incluindo a privação inconstitucional de direitos de quase 8 milhões de venezuelanos (um quarto da população) que fugiram do país nos últimos anos.

Com base nesses fatos, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e vários observadores independentes, como o Centro Carter, condenaram o processo eleitoral como fraudulento, e vários governos latino-americanos já reconheceram a vitória do presidente González.

Se a comunidade internacional se unir neste ponto, isso impedirá que o regime anterior normalize a fraude eleitoral. Isso também ajudará a apoiar as normas internacionais em torno de eleições democráticas e a transferência de poder. É revelador que os poucos líderes nacionais que reconheceram Nicolás Maduro como o vencedor sejam todos autocratas.

A tirania não é apenas uma questão doméstica. Ameaças de conflito armado internacional (pressionando reivindicações territoriais sobre sua vizinha Guiana) e fluxos massivos de emigrantes da Venezuela ameaçaram desestabilizar a região. A migração foi impulsionada pela queda vertiginosa da economia venezuelana e pela pobreza crescente, bem como pela grave repressão e violações de direitos humanos.

Apesar das tentativas do regime do presidente Maduro de silenciá-lo, o povo venezuelano falou alto e claro por um futuro melhor. Eles não buscam vingança, mas sim uma transição pacífica para um governo que elegeram, permitindo a reconstrução econômica e a revitalização do país. Pedimos que você use sua voz respeitada e influência global para ajudar a persuadir o governo Maduro a aceitar os resultados das eleições e garantir uma transferência plena e pacífica do poder para a nova administração do legítimo presidente, Edmundo González.

Respeitosamente,

Mary Robinson, Primeira mulher presidente da Irlanda
Ban Ki-moon, ex-secretário-geral da ONU
Juan Manuel Santos, Ex-presidente da Colômbia e ganhador do prêmio Nobel da Paz
Ernesto Zedillo Ponce de León, ex-presidente do México
Gro Harlem Brundtland, primeira mulher primeira-ministra da Noruega e ex-diretora-geral da OMS
Elbegdorj Tsakhia, ex-presidente e primeiro-ministro da Mongólia
Gary Kasparov, campeão mundial de xadrez e presidente da Human Rights Foundation
Masih Alinejad, jornalista, escritora e ativista
Leopoldo Lopez, líder da oposição venezuelana e cofundador do World Liberty Congress
Ricken Patel, CEO fundador do Avaaz”

Mônica Bergamo/Folhapress
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