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A adolescente brasileira Mirna Raef Nasser foi morta após ataque israelense ao Líbano, na segunda-feira (23) 27 de setembro de 2024 | 20:30

Acharam abraçada com o pai, diz tio de brasileira morta em ataque no Líbano

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A brasileira Mirna Raef Nasser, 16, que foi vítima de um bombardeio no sul do Líbano, foi encontrada abraçada com seu pai próximo da porta de saída da casa da família. Os dois não sobreviveram. A morte da adolescente foi confirmada oficialmente pelo Itamaraty nesta sexta-feira (27).

Segundo o tio da adolescente, Ali Bu Khaled, 47, a família saiu da residência quando começaram os ataques na manhã da última segunda-feira (23). Porém, depois de a situação aparentemente se acalmar, o pai da adolescente, Raef Nasser, 46, decidiu voltar para pegar roupas.

“Ele ia sozinho e a menina [Mirna] não deixou. Ela falou: ‘e se acontece alguma coisa? Se acontecer, eu estou junto com você’. Ela era muito apegada a ele. Aí ela foi com ele e até mandou mensagem para a mãe dela: ‘se acontecer alguma coisa, como meu pai falou, vocês me desculpem’”, conta o tio.

A casa foi atingida por três mísseis. O primeiro deles acabou não explodindo, o que fez pai e filha correrem para a saída. Mas eles não tiveram tempo suficiente para deixarem o local, afirma o tio.

“Eles foram encontrados abraçados. Ele tinha abraçado a menina e estava saindo da casa. Atacaram a casa, e o primeiro [míssil] não explodiu”, diz Khaled.

Khaled afirma que mantinha contato frequente com o irmão. Ele diz que tentou falar duas vezes com Raef em um aplicativo de mensagens na manhã de segunda, sem sucesso. Em seguida, veio a notícia da morte de outro brasileiro, Ali Kamal Abdallah, na mesma região. Preocupado, Khaled diz ter voltado a tentar contato com o irmão no início da tarde, mas não houve confirmação de recebimento da mensagem.

“Esse número [de celular] está com ele há 15 anos, e ele nunca deixou de responder. Eu consegui confirmar que atacaram [a residência], mas ninguém sabia se ele estava na casa porque a casa sumiu. Não ficou nada lá. Nem o carro ficou na frente da casa para o pessoal dizer que ele estava lá. Aí depois a mulher dele confirmou que ele estava”, diz o tio.

Raef chegou ao Brasil quatro anos depois do irmão, em 2000. A família costumeiramente viajava para o Líbano, mas, em uma dessas ocasiões, na qual ficou três meses, Raef decidiu voltar para o Oriente Médio após conseguir um emprego.

Colocou na balança o salário recebido no Brasil e o oferecido no Líbano. Como não havia muita diferença, aceitou a proposta em 2009. Na época, Mirna, que nasceu em Balneário Camboriú (SC), tinha 1 ano e dois meses. Recentemente, a família planejava levá-la para conhecer o Brasil.

“A Mirna ia vir porque ela nasceu aqui, e a gente iria trazê-la para um passeio para conhecer. Meu irmão [que também mora no Brasil] estava lá e falou: ‘vou te levar no ano que vem para o Brasil para você conhecer onde você nasceu, você tem direito’. E o pai dela só falou assim: ‘ano que vem vou fazer o passaporte para você, vai lá na embaixada'”, conta o tio.

Além da mãe, Mirna deixa outros três irmãos. “Ela era muito brincalhona, todo mundo gostava dela na cidade, na escola. De tão inteligente que ela era na escola, não chamavam de aluna, mas de professora”, relembra o tio.

Hygino Vasconcellos/Folhapress
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