5 outubro 2024
Presidente do PSD da Bahia, o senador Otto Alencar admitiu, em conversa com este Política Livre, que o partido pode abrir mão da candidatura de Bento Lima em Ilhéus para apoiar a ex-secretária estadual de Educação Adélia Pinheiro, do PT. Ele também minimizou as disputas municipais entre os dois partidos, apesar do acirramento de algumas delas.
“Acho que a pacificação pode acontecer em Ilhéus. Mas eu respeito muito a liderança local e a decisão tem que ser tomada lá. Não vou fazer valer a minha vontade”, declarou o senador.
Bento, ex-secretário municipal de Gestão, foi lançado pelo prefeito Mário Alexandre, do PSD, rachando a base do governador Jerônimo Rodrigues (PT), uma vez que o PT lançou Adélia, que conseguiu reunir apoios até de legendas da oposição, a exemplo do PDT, e cuja candidatura ganha musculatura a cada dia. A petista recebeu, inclusive, o apoio do vice-prefeito Bebeto Galvão, do PSB, que alegou ter sido traído por Mário Alexandre, pois havia um acordo de que o sucessor seria do partido.
Ilhéus é a maior cidade baiana em que PSD e PT têm candidatos próprios e figuram em campos opostos. Mas também é a única em que pode haver a “pacificação”, articulada também por Jerônimo. Em algumas localidades, a disputa é tão intensa que o PT tem ingressado na Justiça Eleitoral para impedir concorrentes do PSD de usarem as imagens de Jerônimo e do presidente Lula (PT). Para Otto, isso “faz parte do jogo”.
Levando em conta apenas os municípios com duas candidaturas, o confronto direto entra as duas siglas acontece em 17, mas a briga se dá também em localidades com um número maior de postulantes, a exemplo de Conceição do Coité, na região sisaleira, e Bom Jesus da Lapa, no oeste, cidades de médio porte. No total, são 53 confrontos.
PSD e PT brigam também em municípios em que há cabeças de chapa de outros partidos da base. Em Juazeiro, quinto maior colégio eleitoral da Bahia, a legenda de Otto lançou como postulante Celso Carvalho, sobrinho do ex-prefeito Isaac Carvalho, enquanto os petistas decidiram apoiar o nome do MDB, Andrei Gonçalves. Jerônimo esteve na cidade ao lado de Andrei no sábado (07), enquanto o senador participou de um ato de campanha com Celso na terça (10).
“Estamos trabalhando intensamente na campanha de Celso. Estive com ele na terça visitando o mercado produtor que é o segundo maior do Brasil. Também gravei para a campanha dele. O governador tem suas razões de ficar com outro candidato, e não entro no mérito disso. O fato é que seguiremos juntos em 2026. Essas disputas locais são naturais e elas levam em conta os arranjos próprios”, pontuou Otto.
“Veja que as disputas não acontecem apenas entre PT e PSD. Tem briga também do PT com o MDB, como há lá em Vitória da Conquista. Tem disputa com o Avante. Mas nós estamos com o partido do governador onde isso foi possível acontecer. Temos 36 candidatos a vice em chapas encabeçadas por petistas. E fizemos alianças em cidades importantes, como Feira de Santana, Camaçari, Conquista e tantas outras”, acrescentou.
Enquanto o PSD tem 36 vices em chapas encabeças pelo PT, o oposto acontece em 30 municípios baianos. A sigla de Otto tem, no total, 230 candidatos a prefeito, o maior número entre todas as legendas, enquanto os petistas lançaram 159. Os dados da Justiça Eleitoral.
Política Livre