5 outubro 2024
O candidato apoiado pelo governo do Estado na disputa pela Prefeitura de Salvador, Geraldo Júnior (MDB), submeteu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um plano de governo sem nenhuma proposta. Segundo O Globo, o material do emedebista traz apenas uma capa e uma contracapa – o que de acordo com sua equipe de campanha ocorreu por conta de um erro técnico.
De acordo com a lei eleitoral, todas as informações deveriam constar na página do candidato na plataforma DivulgaCandContas do TSE até o prazo final para a inscrição das candidaturas, que terminou em 15 de agosto. Mas quem consulta o site do TSE encontra apenas a capa com o título “Pensar Salvador: programa de governo participativo”.
Procurada, a assessoria de Geraldo Júnior afirmou ter detectado o equívoco na inscrição da candidatura – que deixou de fora ainda o comprovante de escolaridade do emedebista – e repassado todos os documentos ao Tribunal Regional Eleitoral da Bahia no dia 16.
Ainda segundo a equipe do candidato, como o arquivo foi enviado após o término do prazo de inscrição, a retificação na plataforma DivulgaCandContas só poderia ser feita pelo TRE-BA, o que ainda não aconteceu.
No site do TSE, o nome do PDF que consta como programa de governo do candidato de Lula é “Capa e Contracapa Convencao Geraldo”, o que sugere ter havido uma confusão de arquivos na hora de registrar o plano de governo do candidato do MDB.
A equipe do candidato, que também é vice-governador da Bahia no governo de Jerônimo Rodrigues (PT), enviou para a reportagem de O Globo plano de 66 páginas em um arquivo em PDF.
A plataforma oficial para informar o eleitorado sobre planos de governo é o site do TSE. Contudo, mesmo que quisesse, o eleitor não encontraria o material em outros sites. A equipe do O Globo encontrou apenas uma lista de 15 tópicos descritos como “prioritários” no site do PT, que indicou a candidata a vice na chapa para a Prefeitura.
Entre as prioridades descritas de forma genérica, estão a construção de novos postos de saúde, a reestruturação do transporte da cidade e um programa de poupança para estudantes do ensino fundamental, sem o aprofundamento típico de um plano de governo.
A equipe do O Globo consultou a página de todos os rivais de Geraldo no DivulgaCandContas. Todos cadastraram no TSE seus programas de governo, inclusive as candidaturas de partidos nanicos como PCO, Unidade Popular, PCB e PSTU.
Geraldo Júnior tem como vice a petista Fabya Reis, ex-secretária de Assistência e Desenvolvimento Social no governo de Jerônimo Rodrigues (PT), de quem o emedebista é vice. Ele foi lançado como o candidato da situação contra o prefeito Bruno Reis (União Brasil), que disputa a reeleição representando o carlismo, que historicamente rivaliza com o PT.
Próximo dos irmãos Lúcio e Geddel Vieira Lima, Geraldinho foi vereador de Salvador por dez anos e acabou sendo apoiado pelo governador Jerônimo após o PT desistir de lançar candidato próprio.
Os petistas governam o Estado há 17 anos ininterruptamente, e a última vez que não tiveram candidato próprio à Prefeitura foi em 2016, quando o PT apoiou o PCdoB.
Apesar do apoio do partido de Lula, a candidatura do MDB não é unanimidade na esquerda. Alas refratárias ao vice-governador até hoje não assimilaram seu apoio a Jair Bolsonaro no segundo turno de 2018 contra Fernando Haddad (PT).
O PSOL, por exemplo, lançou Kleber Rosa, que disputou o governo baiano em 2022 e, no segundo turno, subiu no palanque da chapa composta por Jerônimo e Geraldo contra ACM Neto (União Brasil), na eleição mais disputada no estado desde a redemocratização.
O Globo