3 novembro 2024
Reforma à vista
Tanto o governador Jerônimo Rodrigues (PT) quanto o prefeito Bruno Reis (União) têm insistido junto a correligionários e dirigentes partidários que só irão tratar objetivamente de reforma no secretariado depois da eleição em Camaçari, ou seja, a partir da semana que vem. Nos bastidores, no entanto, os partidos que orbitam em torno de Jerônimo e de Bruno já articulam para manter ou ampliar o quinhão dos cargos. O Avante, por exemplo, deseja fazer ao menos uma troca no primeiro escalão do governo estadual.
Tum pode “dançar”
O partido liderado na Bahia pelo ex-deputado federal Ronaldo Carletto ocupa hoje a Secretaria da Agricultura, com o ex-deputado Wallison Tum. Só que Tum foi indicado ao posto quando o Avante ainda era comandado pelo deputado federal Pastor Sargento Isidório, no início do governo Jerônimo Rodrigues (PT). Carletto almeja que o cargo seja ocupado por uma pessoa ligada a ele. Um dos cotados é o secretário-geral da sigla, Pablo Barroso, que já foi aliados de ACM Neto (União).
Suando a camisa
Aliás, a intima ligação entre o Avante e ACM Neto é um dos obstáculos para que o partido consiga ampliar espaço. A coluna do dia 18 mostrou que os principais candidatos da legenda nas eleições de outubro foram apoiados e financiados pelo União Brasil. Foi o que ocorreu com o prefeito eleito de Brumado, Fabrício Abrantes, e o reeleito de Guanambi, Nal Azevedo. Carletto e Jerônimo, que atrapalharam no que puderam a campanha dos dois, terão que suar a camisa se quiserem tirar esses votos de Neto em 2026.
Olho na suplência
O PP também vislumbra a possibilidade de ocupar um espaço no primeiro escalão. Mas, se isso ocorrer, Jerônimo não pretende entregar uma pasta a um dos deputados estaduais pepistas. Isso porque a primeira suplente hoje é a primeira-dama de Candeias, Soraia Cabral, aliada de ACM Neto. Soraia, por sinal, deve ser candidata novamente a uma cadeira na Assembleia em 2026 em dobradinha com o marido e atual prefeito, Dr. Pitágoras, que vai concorrer à Câmara dos Deputados. Este ano, a dupla elegeu o sucessor Eriton Ramos (PP).
Mudanças no PSD
No PSD, o senador Otto Alencar disse à coluna que não tratou com Jerônimo sobre reforma administrativa. Ele afirmou que, após o pleito em Camaçari, vai conversar com o governador sobre a permanência ou não da secretária de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira, que pode retornar em definitivo à Assembleia com a eleição do deputado Eures Ribeiro em Bom Jesus da Lapa. Otto afirmou ainda que não tratou da indicação do secretário de Infraestrutura, Sérgio Brito, para a vaga aberta no Tribunal de Contas do Estado (TCE). O PSD pode ter que substituí-los.
Retorno à Educação
No caso de Salvador, o compasso também é de espera sobre a reforma administrativa. Bruno Reis e ACM Neto, que vai, naturalmente, participar das discussões, evitam tratar do tema com aliados. O PSDB dá como certo, no entanto, que voltará a comandar a Secretaria Municipal de Educação (Smed). Para o posto, o deputado federal tucano Adolfo Viana deve indicar o atual secretário municipal de Gestão, Rodrigo Alves, que já foi diretor de Infraestrutura da Smed quando o PSDB liderava a pasta, até janeiro de 2023. Ele é ligado à cúpula tucana e tem o apoio dos vereadores da legenda.
Troco dos edis
Quem lidera o movimento pela permanência do atual titular da Smed, Thiago Dantas, que é da cota pessoal de ACM Neto e de Bruno Reis, é a vereadora Roberta Caíres (PDT), que recebeu apoio forte do secretário para ser reeleita em outubro. Entretanto, a articulação da pedetista é isolada, uma vez que Thiago conseguiu desagradar praticamente toda a Câmara Municipal ao trabalhar exclusivamente por Roberta, inclusive, segundo se comenta na Casa, privilegiando a edil na distribuição de cargos terceirizados.
Dobradinha Universal
Reeleito vereador, Luiz Carlos, do Republicanos, deve retornar ao comando da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) na segunda gestão de Bruno Reis. É o nome da preferência do presidente do partido na Bahia, deputado federal Márcio Marinho, que conta com a fidelidade do edil para ampliar a votação na capital no pleito de 2026. O parlamentar vai priorizar a Seinfra no envio de emendas federais para obras na cidade e aposta na velha “dobradinha”. Os dois são lideranças da Igreja Universal.
Terra arrasada
A reforma administrativa no Palácio Thomé de Souza também deve levar em conta a montagem do secretariado da prefeita eleita de Lauro de Freitas, Débora Régis (União). Bruno Reis e ACM Neto acreditam que o cenário no município da Região Metropolina é de “terra arrasada”, e, por isso, seria importante “exportar” quadros qualificados da gestão municipal na capital para atuar principalmente na área de infraestrutura na cidade vizinha. O problema é que até agora os quadros cogitados não têm interesse na mudança.
Homem do tempo
O deputado federal João Leão (PP) defende que o chefe da Defesa Civil de Salvador, Sósthenes Macedo (União), comande a pasta da Infraestrutura em Lauro. Sósthenes foi superintendente da Sucop na gestão de João Henrique e era chamado de “buraco zero” por Leão, então chefe da Casa Civil na capital. Mas, além de ser um quadro do qual Bruno não parece disposto a abrir mão, o “homem do tempo” deseja mesmo é comandar a Secretaria de Sustentabilidade em Salvador (Secis), à qual a Defesa Civil é subordinada.
Por pouco
Além da derrota do pupilo e ex-coordenador da Codecon Zilton Netto (PDT) na briga por uma cadeira na Câmara de Salvador, o deputado federal Leo Prates (PDT) quase sofre um outro revés. É que o vereador Daniel Alves (PSDB), também apoiado pelo parlamentar, se reelegeu no limite.. Ele foi apenas o quinto dos seis eleitos pela federação dos tucanos com o Cidadania. Na reta final da campanha, o Palácio Thomé de Souza teria apostado mais nos vereadores Téo Senna (PSDB) e Cris Correia (PSDB), que acabaram na frente de Daniel.
Despesa zero
Um dos novatos eleitos para a Câmara Municipal de Salvador no dia 6 de outubro, Alex Alemão (DC) não registrou até agora junto à Justiça Eleitoral gastos de campanha. Segundo o site Divulgacand, ele arrecadou do partido R$ 66 mil em doação, mas não computou despesas, sequer com a confecção de “santinhos”. Alemão é ligado ao deputado estadual Luciano Simões Filho, presidente do União Brasil em Salvador. Os candidatos têm até 5 de novembro para prestar contas da campanha.
Longe de Camaçari
Buscando se aproximar do PT de olho na presidência da Câmara Federal, o deputado Elmar Nascimento (União) não quer nem ouvir falar do segundo turno em Camaçari, onde vencer se tornou uma prioridade nacional da cúpula petista. Definitivamente, o parlamentar evitou embarcar na campanha de Flávio Matos (União), na contramão das demais lideranças da oposição. Na semana passada, o presidente Lula participou de um comício na cidade ao lado do candidato do PT, Luiz Caetano.
Vice-presidência
O mais novo movimento da deputada estadual Ivana Bastos (PSD) na disputa pela vice-presidência da Assembleia não foi muito bem visto na Casa pelos demais interessados no cargo. Alegam que fere o princípio da proporcionalidade pelo fato de ela pertencer à mesma sigla do presidente Adolfo Menezes (PSD). Caso Ivana vença a disputa pelo posto, há quem defenda a judicialização, o que pode colocar em risco a própria reeleição de Adolfo. Defendendo a tese, o PT é um dos que reivindicam a posição. O deputado petista Júnior Muniz está de olho na corrida.
Maldição do anexo
O segundo andar do anexo Wilson Lins da Assembleia Legislativa ganhou o status de “amaldiçoado” entre assessores da Casa. É neste mesmo setor que ficam os gabinetes dos três deputados alvo de operações policiais ou investigados por supostos crimes eleitorais nesta legislatura: Binho Galinha (PRD), Marcinho Oliveira (União) e Soane Galvão (PSB).
Pitacos
* Em discurso nesta terça (22) no plenário da Assembleia, o deputado Marquinho Viana (PV) lançou a candidatura a primeiro vice-presidente da Casa. Ele também reafirmou apoio à reeleição de Adolfo Menezes.
* Derrotados na reeleição, os vereadores do PT de Salvador Tiago Ferreira, Arnando Lessa e Luiz Carlos Suíca aguardam um contato de emissários do Palácio de Ondina para definir o futuro político. Os três almejam um posto na estrutura do Estado.
* Tiago, por sinal, sempre defendeu que o candidato a prefeito fosse do PT para assegurar ao menos a manutenção da bancada da sigla. O edil dizia que a candidatura de Geraldo Júnior (MDB) colocaria isso em risco, como de fato aconteceu.
* Aliás, a federação com o PCdoB e o PV parece não ter sido um bom negócio para o PT. Em Barreiras, por exemplo, os petistas não elegeram um único vereador, mesmo tendo o ex-deputado federal Tito Cordeiro como candidato a prefeito.
* Do Avante, quem ensaia entrar na briga pela presidência da União dos Municípios da Bahia (UPB) é a prefeita reeleita de Taperoá, Kitty Guimarães. Ela tem boa relação com Jerônimo e com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT).
* Em seu último ano como prefeito de Itapetinga, Rodrigo Hagge (MDB) deve ser candidato a deputado estadual em 2026. O gestor conseguiu eleger o tio, Eduardo Hagge (MDB), como sucessor no dia 6 de outubro.
* Dos 41 prefeitos eleitos pelo PP, 15 irão apoiar a reeleição do deputado federal Mário Negromonte Júnior, presidente da sigla na Bahia, em 2026. O pepista não pensa em chapa majoritária.
* Em Camaçari, o vereador Júnior Borges (União), que mudou de lado no segundo turno e decidiu apoiar Luiz Caetano, sempre teve ciúmes de Flávio Matos (União). Nunca aceitou ser preterido como sucessor do prefeito Antonio Elinalo (União).
* Júnior Borges, aliás, sequer foi reeleito vereador, embora tenha sido até presidente da Câmara Municipal e líder do governo. E olha que o edil sempre desfilou com a pompa de bem votado. Agora, para tentar dormir em paz, coloca a culpa da derrota em Elinaldo
* Uma das surpresas do pleito deste ano, o prefeito eleito de Santa Cruz Cabrália, Girlei Laje (PDT), não emplacou um único aliado na Câmara Municipal. Terá que ser habilidoso (e cuidadoso) para governar a terra-mãe do Brasil.
*Ex-prefeito de Itatim, Gilmar Pereira Nogueira foi condenado pelo TCM a ressarcir os cofres públicos em pouco mais de R$5 milhões, em razão do superfaturamento de despesas em contratos de 2017 e 2018.
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