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Presidente eleito dos EUA, Donald Trump 09 de novembro de 2024 | 17:40

Entenda o ‘Trump trade’ por trás do impulso do bitcoin e das ações da Tesla

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A valorização de uma série de índices no mercado financeiro nesta semana após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos chamou a atenção dos investidores para o efeito “Trump trade” (operações Trump, em português).

Trata-se de uma movimentação nos mercados em direção a ativos ou ligados diretamente ao presidente eleito ou que podem se beneficiar sob o novo governo que se iniciará em janeiro de 2025.

Destacaram-se após o pleito de terça-feira (5), por exemplo, os índices das Bolsas americanas, as ações da Tesla e do Trump Media and Technology Group, grupo dono da plataforma Truth Social controlado pelo republicano, e o bitcoin.

Segundo especialistas, essa valorização é reflexo de medidas tomadas durante seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021, que já são esperadas para o próximo, como um maior protecionismo comercial, desregulamentação de setores e cortes de impostos.

“Do que Trump foi a favor no mandato passado? Como ele liderou os Estados Unidos? Esse movimento espera que ele repita os seus passos nesse novo governo, com cortes de tributos e desregulação”, disse Gustavo Ferraz, analista da WIT Invest.

Nesta sexta-feira (8), o índice S&P 500 ultrapassou a marca de 6.000 pontos pela primeira vez, com uma alta de 4,7% ao longo da semana, melhor desempenho desde novembro de 2023.

O Dow Jones também teve o maior salto do último ano, enquanto o Nasdaq teve a segunda melhor semana, impulsionados também pelo corte aplicado pelo Fed (banco central americano) de 0,25 ponto na taxa de juros.

Parte do entusiasmo foi puxado pela montadora de carros elétricos de Elon Musk, que acumulou alta de mais de 30% na semana e fechou esta sexta avaliada em cerca de US$ 1 trilhão, maior patamar em mais de dois anos.

Além da expectativa de tarifas maiores e barreiras comerciais contra a China e a Europa que a beneficiariam diretamente, Musk participou da campanha de Trump com doações milionárias e ainda pode se juntar ao governo no cargo de Eficiência Governamental.

Ainda é esperado que o órgão regulador dos transportes nos EUA seja favorável aos carros autônomos planejados pela Tesla para os próximos anos.

Nesta sexta, o protecionista Robert Lighthizer foi convidado para comandar a política comercial dos Estados Unidos mais uma vez. Durante seu mandato anterior, Washington se afastou de acordos comerciais e se concentrou em medidas para incentivar a retomada de empregos industriais no território americano.

Também devem ser beneficiados com as propostas do republicano setores como microchips, prisões privadas, combustíveis fósseis, defesa e finanças.

“Trump criaria essa barreira para fazer com que os produtos americanos fiquem mais atraentes e que o valor agregado que seria enviado para outros países seja revertido para a economia americana e fique dentro do país, circulando por ali e gerando riqueza”, disse Luan Aral, especialista em câmbio da Genial Investimentos.

Um dos reflexos disso, disse Aral, é a valorização de cerca de 2% do dólar frente ao peso mexicano nesta sexta, já que no novo governo as ideias de implantação de fábricas no país vizinho poderiam ser descartadas.

A moeda americana também se valorizou nesta semana devido à chance de o esperado corte de impostos causar uma diminuição da arrecadação do governo, o que aumentaria os juros dos títulos da dívida americana e daria maior força ao dólar. No Brasil, o efeito inicial foi em parte anulado devido às discussões em torno da política fiscal do governo.

Também alvo de entusiasmo de Trump e seus apoiadores, o bitcoin teve uma alta de mais de cerca de 11% nesta semana, superando os US$ 76 mil. No mês, a criptomoeda acumula uma valorização de 22%. Já as ações do Trump Media and Technology Group dispararam 15% nesta sexta.

Gustavo Soares / Folhapress
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