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08 de janeiro de 2025 | 14:00

Radar do Poder: Bruno acalma o tucanato, os suplentes animados, o vereador atacadista e o silêncio de Coronel

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Equação tucana

Após momentos de tensão, avançaram esta semana as tratativas entre o prefeito Bruno Reis (União) e o PSDB sobre o espaço do partido na reforma administrativa. Conforme o que teria sido combinado antes da campanha de 2024, os tucanos devem mesmo ficar com a Secretaria Municipal da Educação. O indicado, como já antecipou a coluna, é o atual titular da Secretaria Municipal de Gestão, Rodrigo Alves, nome ligado ao deputado federal Adolfo Viana (PSDB).

Propostas na mesa

Para manter o atual secretário da Smed, Thiago Dantas, que é próximo ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto, Bruno Reis chegou a oferecer ao PSDB a Secretaria Municipal de Saúde, como revelou o Política Livre. Os tucanos só aceitariam mudar o acordo se fosse entregue, além da Saúde, mais uma pasta, como forma de compensação. As conversas chegaram a ser interrompidas diante do impasse, mas foram retomadas no sentido de contemplar o antigo desejo dos tucanos pela Educação.

Peso Muniz

O que pesa a favor do PSDB nas negociações é o fato de o partido ter o atual presidente da Câmara de Salvador, Carlos Muniz. Caso contrário, dificilmente a sigla teria chances de ficar com a Educação. Muniz já disse em diversas ocasiões, em entrevistas à imprensa, que os tucanos precisam de um tratamento melhor por parte do prefeito depois do resultado das urnas em outubro, quando tiveram um desempenho melhor do que o Republicanos, que tem duas secretarias de peso político (Obras e Manutenção).

Corda esticada

O Republicanos ainda não respondeu oficialmente ao convite de Bruno Reis para que o vereador Luiz Carlos, presidente municipal da legenda, volte a ser o titular da Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinfra). A avaliação é que a cúpula partidária estica a corda para ter outras benesses na gestão sabendo que o prefeito tem interesse particular na “subida” do ex-vereador e suplente Beca, de quem é muito próximo. Bruno avisou que aceita também a indicação do vereador Júlio Santos, da mesma sigla e que já comandou a pasta.

De Beca para Beca

Para que Beca se torne vereador, Bruno é pressionado até dentro de casa. A esposa do prefeito, Rebeca Cardoso, entrou de cabeça na campanha do suplente, representante da região de Luis Anselmo. A amizade entre eles foi ilustrada diversas vezes em eventos de campanha divulgados nas redes sociais do então candidato, que recebeu pouco mais de 7,6 mil votos – desse total, ao menos mil são atribuídos ao trabalho da primeira-dama da capital.

Suplente animado

Outro suplente que está animado com a possibilidade de assumir o mandato na Câmara de Salvador é o ex-vereador Orlando Palhinha (União). Com a certeza de quem vai sentar na cadeira, ele tem participado praticamente de todos os eventos da Prefeitura ao lado de Bruno. Como já antecipou a Radar do Poder, a expectativa é que o prefeito convide o vereador Alberto Braga (União) para a Secretaria de Inovação e Tecnologia ou mesmo a Companhia de Governança Eletrônica (Cogel). O edil topa qualquer parada para ir ao Executivo.

Mais autonomia

Aliados de Bruno Reis na Câmara esperam que o secretário de Governo da Prefeitura, Cacá Leão (PP), que confirmou nesta quarta (8) a pré-candidatura a deputado federal, tenha mais autonomia neste segundo mandato. A avaliação é que, embora todos elogiem o atendimento prestado por Cacá aos vereadores, faltaria a ele poder de decisão. Quem tem se queixado mais do secretário são os vereadores pepistas, sob a alegação de que faltou empenho para que o partido conquistasse um espaço maior na reforma administrativa.

Vereador atacadista

O vereador de Salvador Alexandre Aleluia (PL) decidiu sair em defesa dos empresários do setor atacadista e apresentou um projeto de lei que acaba com a obrigatoriedade de o segmento fornecer gratuitamente sacolas plásticas recicláveis aos clientes. Na justificativa, o edil afirmou que a legislação, de autoria de Carlos Muniz, é impraticável para o segmento em função dos custos. O texto não deve passar na Câmara.

Ônus da teimosia

Ao optar por lançar a candidatura do vereador Hamilton Assis próprio à presidência da Câmara de Salvador, o PSOL perdeu a chance de ocupar espaços relevantes na estrutura da Casa. Ficou fora da Mesa Diretora e também não deve comandar ou mesmo participar de comissões importantes. Nos tempos de Laina Crisóstomo, na legislatura passada, e de Marcos Mendes, na anterior, o partido optou por negociar, ao invés de entrar numa malfadada disputa apenas para marcar posição – ela foi procuradora da Mulher e ele vice-presidente da Comissão de Educação.

Senador submerso

O senador Angelo Coronel (PSD) submergiu após a entrevista do senador Jaques Wagner (PT), publicada esta semana no jornal A Tarde, na qual disse que seria “natural” uma chapa formada por três petistas nas eleições de 2026 – o governador Jerônimo Rodrigues e o próprio “bruxo” concorrendo à reeleição e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), disputando o Senado. Sobraria a Coronel aceitar a vice, limando o MDB. O senador do PSD certamente se arrependeu de convidar Wagner para a confraternização que organizou tão caprichosamente em Praia do Forte no final do ano.

Reação ao “bruxo”

Por sinal, a entrevista de Jaques Wagner mexeu com os brios de alguns deputados do PSD. Segundo um desses parlamentares, a tendência agora é que o partido atue mais fortemente na Assembleia para impedir que o PT assuma o comando da Casa, mesmo que temporariamente, em caso de impedimento do atual presidente, Adolfo Menezes (PSD), postulante à reeleição. Além disso, a ordem é trabalhar em dobro para eleger o prefeito de Ituaçu, Phellipe Brito, do partido, para a presidência da UPB.

Primos problemáticos

Há outro primo do deputado federal Elmar Nascimento (União) que já foi encarcerado pela Polícia Federal (PF) que aparece na foto de uma reunião entre amigos na qual está presente, usando tornozeleira eletrônica, o vereador de Campo Formoso Francisco Nascimento (União), um dos alvos da temida Operação Overclean. Trata-se de Thiago Nascimento (de camisa preta e bermuda clara), que, em 2023, foi preso pela PF por participar de um esquema de desvio de recursos na Codevasf, órgão controlado politicamente por Elmar.

Controle total

Aliás, Elmar Nascimento emplacou um outro primo, Murilo Nascimento (PSDB), na presidência da Câmara de Campo Formoso, o que representou uma derrota para o grupo liderado pelo principal adversário no município, Adolfo Menezes. Vale lembrar que o prefeito reeleito, Elmo Nascimento (União), é irmão do deputado federal. A família agora controla tanto o Executivo quanto o Legislativo da cidade.

Duelo antecipado

Mal esperaram o novo ano começar, os deputados Alan Sanches (União), estadual, e Félix Mendonça Júnior (PDT), federal, deram a largada para a campanha de 2026 em Santo Antônio de Jesus. Os dois espalharam outdoors pela capital do Recôncavo para se promover. Alan, postulante a uma cadeira na Câmara Federal, apostou em “colar” a imagem nas do prefeito reeleito Genival Deolino (PSDB) e do empresário Ditinho Lemos, que almeja uma vaga na Assembleia. Félix, que também é próximo do tucano, destacou os mais de R$25 milhões em emendas ao município.

Dor de cotovelo

O ex-prefeito de Castro Alves Thiancle Araújo (PSD) ainda não assimilou a derrota sofrida na disputa pela presidência do Consórcio Territorial do Recôncavo (CTR) e passa o tempo colocando a culpa em terceiros. A candidata dele, a prefeita de Conceição do Almeida, Renata Nogueira (PSD), perdeu a disputa para o colega de Cruz das Almas, Ednaldo Ribeiro (Republicanos), que contou com o apoio do deputado estadual Vitor Azevedo (PL), político com influência na região. Ednaldo toma posse no posto nesta quinta (9).

Pitacos

* O PP ainda não aderiu institucionalmente à base do governo do Estado, mas o deputado federal Cláudio Cajado, membro destacado do partido, se sentiu em casa ao ser recebido por Jerônimo na segunda (2).

* Ao lado do deputado estadual Eduardo Alencar (PSD), Cajado levou ao governador a prefeita eleita de Mundo Novo, Ana Paula de Oliveira (PSD), e pediu obras emergenciais para o município.

* Antes resistente a uma adesão ao governo, Cajado mudou de posição após a esposa dele, Andréia Xavier, ex-prefeita de Diás D’Ávila, ser cogitada para a Secretaria de Planejamento como parte do acordo para atrair o PP à base, com revelou o site.

* Jerônimo tem aberto a agenda nos últimos dias para receber, em Salvador, prefeitos eleitos que se queixam de terem recebido os municípios em situação calamitosa. Só que, ao menos até aqui, todos são da base do governo.

* Nesta terça (7), por exemplo, o governador recebeu o novo prefeito de Nazaré, Benon Cardoso (PSD), que alega ter herdado uma herança maldita da antecessora Eunice Peixoto (União), aliada de ACM Neto.

* O secretário da Casa Civil de Salvador, Luiz Carreira, disse a amigos mais próximos, em tom de brincadeira, que pretende ficar na gestão por mais dois anos apenas. Ele está na Prefeitura desde o primeiro governo de ACM Neto (União).

* Um dos amigos de Carreira respondeu que ele não só vai ficar os quatro anos como também deve ser lembrado novamente para compor a chapa majoritária na sucessão de Bruno Reis. Isso ocorreu em 2016, na reeleição de Neto.

* O novo prefeito de Alagoinhas, Gustavo Carmo (PSD), criou mais 100 cargos por meio de uma reforma administrativa aprovada pelos vereadores. Segundo a oposição, isso representa um custo de R$10 milhões anuais a mais no orçamento do município.

* Com poucos dias que deixou o cargo de prefeito de Euclides da Cunha, Luciano Pinheiro (PDT) já começou a “correr trecho” visando a eleição de deputado estadual. A prioridade é reforçar os acordos firmados no pleito de outubro.

Radar do Poder, a coluna de bastidores do Política Livre
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