Foto: Divulgação
15 de janeiro de 2025 | 13:18

Radar do Poder: O apoio de Bruno aos Coronel, a sinuca de bico de Otto, o risco do Geraldinho 2 e as secretárias-candidatas

radar do poder

Apoio hipotecado

O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União), já hipotecou o apoio da bancada de oposição à candidatura do deputado Angelo Coronel Filho (PSD) para a 1ª vice-presidência da Assembleia. O aceno foi feito ao pai do parlamentar, o senador Angelo Coronel (PSD), a quem o grupo de ACM Neto (União) quer atrair no próximo pleito, apostando no racha da base governista na composição da chapa majoritária à sucessão estadual e no balão de ensaio para 2026 que se tornou a eleição para a mesa diretora do Legislativo baiano.

Dissidência de Elmar

Mas a bancada da minoria, que tem poder para decidir a eleição na Assembleia se houver divisão na base governista, não fecha 100% com Angelo Coronel Filho, segundo o PT. Nas contas do partido, ao menos três parlamentares – Marcinho Oliveira (Uniã), Júnior Nascimento (União) e Pancadinha (Solidariedade), todos ligados ao deputado federal Elmar Nascimento (União) – tendem a votar no deputado petista Rosemberg Pinto, que deve ser oficializado nesta quarta (15) como postulante à vaga.

Vantagem de Coronel

Incentivado pelo pai, que mira 2026 – a disputa à Mesa Diretora da Assembleia é hoje a única forma de o senador ganhar musculatura para pressionar o governo a apoiá-lo à reeleição na chapa dentro da base –, o filho de Coronel ainda não se coloca como candidato a 1º vice, mas ressalta sempre que é aliado do governador Jerônimo Rodrigues (PT), apesar dos apoios na oposição. Segundo contas feitas por parlamentares mais experientes, Angelo leva vantagem sobre Rosemberg se houver bate-chapa. Mas isso pode mudar se o Executivo interferir em favor do petista, o que ainda não ocorreu.

Sinuca de bico

Quem está numa situação delicada em função da disputa pela 1º vice da Assembleia é o senador Otto Alencar, presidente do PSD na Bahia. Não interessa a ele que o PT assuma o comando da Assembleia, caso a reeleição do atual presidente Adolfo Menezes (PSD) seja derrubada no Supremo, mas, ao mesmo tempo, não fecha com Coronel. Não quer confrontar nem o correligionário de partido e nem os petistas. Otto tem influência direta sobre o voto da maioria da bancada do PSD no Legislativo baiano e entre parlamentares de outras legendas, a exemplo de Ludmilla Fiscina (PV) e Soane Galvão (PSB).

Fila não andou

O melhor cenário para Otto seria a desistência de Adolfo – o que não deve ocorrer pois o presidente tem apoio quase unânime – para que a deputada Ivana Bastos (PSD) dispute a presidência com o apoio do PT. Isso garantiria a permanência do PSD no comando da Assembleia e evitaria a disputa pela 1º vice. Otto acredita que pode quebrar as resistências ao nome da deputada, que não é tão bem relacionada entre os pares quanto Angelo Filho. O senador quer manter viva na sigla a “fila”,  que foi desconsiderada pelo desejo de Adolfo de concorrer à reeleição. Por ela, a vez seria de Ivana, seguida pelo deputado Alex da Piatã.

O novo Geraldinho I

A determinação com que o senador Jaques Wagner tem defendido a candidatura de Rosemberg Pinto à 1ª vice-presidência da Assembleia tem assustado seus correligionários mais experientes. Especialmente, porque a maioria considera difícil, pelos mais diversos motivos, que Rosinha se viabilize. Como se sabe, a estratégia é eleger Rosemberg à 1ª vice para que ele assuma a presidência numa eventual queda de Adolfo por decisão judicial.

O novo Geraldinho II

Mas aliados do senador acham que o plano pode acabar produzindo um novo Geraldo Júnior (MDB). É uma referência à fracassada candidatura do vice-governador do Estado à Prefeitura de Salvador em 2024, cujo lançamento, apoiado pelo senador, foi desaconselhado pelos políticos mais experientes que o cercam, e acabou levando a uma derrota retumbante até hoje depositada na conta exclusiva de Wagner.

Na fogueira

Na base aliada de Jerônimo, há quem defenda a tese de que as declarações de Jaques Wagner em favor da candidatura do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT) ao Senado, foram, na verdade, uma forma de tentar “queimar” o ex-governador. De acordo com essa avaliação, o “bruxo” queria mesmo era criar a confusão que se instalou na base para mostrar o tamanho do imbróglio que este desenho da chapa provoca – e que pode ficar maior se Angelo Filho eventualmente assumir o comando do Legislativo baiano.

Conselho ao bruxo

Em uma análise feita para a coluna, o ex-ministro emedebista Geddel Vieira Lima lembrou que o PT sempre ganhou as eleições para o governo da Bahia com uma chapa plural, seja compondo com o MDB, o PP, o PSB ou o PSD. “Nunca fizeram uma eleição solitária para disputar o mesmo voto. Acredito que seria um erro fazer em 2026, num momento em que a direita está fortalecida e o PT pode não ter a mesma força de antes”, disse o emedebista. O conselho foi, obviamente, para Jaques Wagner.

Lição no tempo

O ex-ministro lembrou que, em 2006, quando o MDB indicou o vice de Wagner (o ex-deputado Edmundo Pereira) na disputa pelo Palácio de Ondina, o então governador Paulo Souto (União), postulante à reeleição, queria Geddel concorrendo ao Senado como aliado. A articulação foi vetada pelo falecido ACM, ferrenho adversário do emedebista, que optou mais uma vez pela chapa puro sangue. “Nossos adversários sofreram com a fadiga de material e, com uma chapa plural, tivemos sucesso”.

Estreia em 2026

Quatro secretários de Jerônimo que nunca disputaram uma eleição estão na mira do PT para concorrer a uma vaga de deputado federal em 2026: Roberta Santana (Saúde), Rowenna Brito (Educação), Bruno Monteiro (Cultura) e Felipe Freitas (Justiça e Direitos Humanos). O que se diz é que, por serem mulheres e ocuparem pastas de maior visibilidade, Roberta e Rowenna são favoritas. A primeira é a que mais demonstra interesse na disputa, o que é mais um motivo para permanecer na Saúde.

Destino de Adélia

A ex-secretária estadual de Educação Adélia Pinheiro (PT), que foi derrotada em outubro do ano passado na disputa pela Prefeitura de Ilhéus, deve ser nomeada por Jerônimo para um cargo no sul do Estado. Sem espaço no primeiro escalão, ela manifestou o desejo de ficar na região, pois tem planos de ser candidata a deputada federal em 2026. Para isso, vai tentar colocar em sua conta grandes investimentos do governo programados para os municípios da localidade.

Solução caseira

Jusmari Oliveira (PSD), que foi exonerada nesta quarta (15) do comando da Secretaria de Desenvolvimento Urbano para tomar posse como deputada estadual na vaga deixada por Eures Ribeiro (PSD), que assumiu em janeiro a Prefeitura de Bom Jesus da Lapa, tenta emplacar o próprio marido, Oziel Oliveira (PSD), ex-prefeito de Luis Eduardo Magalhães e ex-deputado federal, como substituto. A indicação para o posto será feita por Otto Alencar.

Redução de custos

Aliás, diante da indefinição sobre a secretaria, Adolfo Menezes brincou em conversas com colegas sobre a demora de Jusmari para tomar posse, uma vez que Eures Ribeiro renunciou ao mandato no dia 27 de dezembro de 2024. O presidente afirmou que o lado bom de a Assembleia ficar com 62 deputados, e não 63, é que isso representa um gabinete a menos, ou seja, redução de custos. Ele afirmou, ainda, que não haverá retroatividade ao início de janeiro nas nomeações da aliada.

Municipalista vaidoso

O presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Quinho Tigre (PSD), decidiu marcar para o dia 13 de março a eleição para a escolha do sucessor, ao invés de antecipar o pleito para janeiro. Com isso, mesmo tendo deixado a prefeitura de Belo Campo após o término do mandato, ganhou mais de dois meses à frente da entidade. O gesto não foi interpretado como uma estratégia em busca do consenso sobre a eleição, mas como de pura vaidade. Quinho ainda tem esperanças de virar secretário no governo Jerônimo.

Pitacos

* No discurso de posse como novo presidente do Consórcio do Recôncavo, na semana passada, o prefeito de Cruz das Almas, Ednaldo Ribeiro (Republicanos), mandou várias indiretas ao antecessor, Thiancle Araújo (PSD), ex-gestor de Castro Alves.

* Ednaldo insinuou que Thiancle mantinha o maquinário agrícola da instituição à disposição apenas da Prefeitura de Castro Alves e não de todos os 18 municípios consorciados à época.

* Vale lembrar que a candidata do ex-presidente à sucessão era a prefeita de Conceição do Almeida, Renata Nogueira (PSD), que teve o apoio de Otto Alencar. Com a derrota, Thiancle viu enfraquecer o projeto de ser candidato a deputado estadual em 2026.

* O prefeito de Santo Antonio de Jesus, Genival Deolino (PSDB), disse à Radar do Poder que o principal candidato dele a deputado federal em 2026 será novamente Adolfo Viana (PSDB), postulante à reeleição.

* “Adolfo é do PSDB, meu partido. Ele será o primeiro, mas iremos ajudar outros parceiros para a Câmara”, afirmou Genival, citando Alan Sanches (União), que atualmente é deputado estadual, e o deputado federal Félix Mendonça Júnior (PDT).

* Também do Recôncavo, o novo prefeito de Santo Amaro, Flaviano Bomfim (União), disse à coluna que aguarda uma orientação de ACM Neto para definir quem irá apoiar na disputa pela presidência da UPB.

* O deputado estadual Raimundinho da JR (PL) confirmou esta semana que será candidato a federal no pleito de 2026. Falta só escolher o novo partido.

* A oposição também foi prestigiar a posse do novo ministro de Comunicação do governo Lula (PT), Sidônio Palmeira. O deputado federal José Rocha (União) apareceu no Planalto para “tietar” o publicitário baiano.

* Convicto de que Jerônimo não terá coragem de demiti-lo da Casa Civil na reforma administrativa, Afonso Florente (PT) já está com o planejamento da pasta organizado até 2026.

* Secretária da Fazenda de Salvador, Giovanna Victer aproveitou a viagem até o Benin na comitiva de Bruno Reis para fazer um pouco de turismo. Afinal, ninguém é de ferro.

Radar do Poder, a coluna de bastidores do Política Livre
Comentários