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ACM Neto 27 de fevereiro de 2025 | 09:22

Por que queda em aprovação de Lula na Bahia é a melhor notícia para ACM Neto, por Raul Monteiro*

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A elevação dos índices de reprovação à gestão do presidente Lula tiveram grande impacto em todo o país, mas ecoaram ainda mais forte na Bahia, onde os números chegaram animando a oposição e assustando, naturalmente, os governistas, cujo discurso, como esperado, é o de que qualquer avaliação agora é a cópia de um momento que o presidente tem plenas condições de transformar positivamente para 2026. No Nordeste, um dos principais redutos eleitorais do petista, as opiniões negativas sobre o governo aumentaram surpreendentemente não apenas na Bahia, mas também em Pernambuco.

É um quadro que coloca mais pressão sobre os ministros, entre os quais o competente marqueteiro baiano Sidônio Palmeira, que acaba de assumir a Comunicação, obrigados a apresentar resultados que busquem minimizar o efeito da inflação dos alimentos, responsável pelo desgosto com que mesmo seu eleitor cativo começa a encarar o terceiro mandato do presidente. Também produz enorme ansiedade em aliados que, como o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), apesar de não possuírem meios para ajudar a melhorar a performance do governo federal, apostam no sucesso eleitoral do presidente para se reelegerem no ano que vem.

A situação é inversa para o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), principal liderança de oposição na Bahia, que viu a eleição ao governo lhe escorrer pelos dedos na reta final da campanha de 2022, exatamente por causa da terceira onda Lula que varreu o litoral e o interior da Bahia catapultando o adversário petista para uma vitória apertada, vencida no segundo turno. Naquela disputa, o candidato a presidente do PT registrou, na primeira etapa da eleição, 69% dos votos válidos no Estado, patamar que se elevaria na segunda disputa em solo baiano para 72,5%.

Hoje, segundo a Genial/Quest, um dos mais badalados institutos de pesquisa da atualidade no Brasil, o presidente está muito longe desse patamar, tanto na Bahia quanto no vizinho Estado de Pernambuco, onde 59% e 58% dos eleitores, respectivamente, afirmam que o conhecem e votariam nele. Levando-se em conta a queda geral, são números até bons para Lula, mas insuficientes para que atue como puxador de votos ao governo pelo menos na Bahia. Em outras palavras, o presidente teria que dar uma verdadeira chacoalhada na gestão para voltar a repetir agora no Estado os números que empurraram Jerônimo ladeira acima rumo ao Palácio de Ondina naquela eleição.

Se for verdadeira a tese de que para garantir a reeleição do aliado, Lula precisará obter no mínimo 65% dos votos válidos na Bahia, então ACM Neto poderia se considerar governador do Estado se as eleições fossem hoje no cenário desenhado pelo instituto. O cálculo leva em conta os resultados eleitorais obtidos pelo líder petista na Bahia desde 2002, quando Lula ultrapassou a casa dos 65%, aumentando nas disputas seguintes até bater mais de 70%. Quanto a Jerônimo, precisará rezar pelo presidente mas também melhorar os próprios índices, uma vez que não poderá fugir do julgamento que o eleitor fará de seu primeiro mandato para decidir conceder-lhe o segundo.

*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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