5 julho 2025
Logo após a solenidade em que a PM distribuiu medalhas pela comemoração de seus 200 anos, ontem pela manhã (4), na Cidade Baixa, o vice-governador da Bahia, Geraldo Jr. (MDB), catou entre os oficiais o subcomandante da corporação, coronel Nilton Cézar Machado Espíndola, ajeitou o próprio paletó, que parecia ter um número a menos, e pediu ao fotógrafo que o acompanha que fizesse um clique dos dois juntos.
Em seguida, solicitou que a foto fosse enviada imediatamente para sua assessoria de comunicação a fim de publicá-la com rapidez em suas redes sociais com destaque. A iniciativa é apenas parte de uma campanha de bastidores, porém obstinada, que Geraldo Jr. vem promovendo para tentar indicar Machado à sucessão do atual comandante da PM, o coronel Paulo Coutinho, de quem se diz, em público, ‘amigo-irmão’.
Em alguns ambientes mais reservados, o vice já chega a dar como favas contadas a substituição de Coutinho por Machado, atribuindo a futura troca ao resultado de ‘seu trabalho’ junto ao governo.
No entanto, para não ficar mal na foto com o chefe da PM e, ao mesmo tempo, passar a impressão de que tem preocupação com o seu futuro, o vice-governador vem propagando que faz gestões junto ao prefeito de Camaçari (PT), Luiz Caetano, para tentar emplacar Coutinho numa secretaria local. Apesar de respeitadíssimo na PM e no governo, de ter fama de sério e de ser amigo de Coutinho, Machado precisa enfrentar dois desafios para conseguir vencer a corrida pela sucessão do comandante da PM.
Primeiro, não é o único lembrado para o posto. Pelo menos duas outras opções estariam sendo analisadas no governo para a eventual substituição de Coutinho, que é muito estimado pela tropa e pelo governador, motivo porque Jerônimo Rodrigues (PT) andaria resistente a substituí-lo. Uma delas é o coronel Luiz Alberto Baqueiro Paraíso Borges, chefe do Comando de Policiamento da Região do Extremo Sul, com sede em Teixeira de Freitas.
A outra é André Luis Carvalho de Melo, coronel que dirige o Departamento de Comunicação Social da PM. A vantagem dos dois oficiais sobre Machado é que ambos trafegam sem um apadrinhamento político problemático como o do vice-governador. Desde o princípio do governo, o comportamento de Geraldo Jr. de tentar se aproximar de órgãos que concentram poder, como a PM, o Judiciário e o Ministério Público, é considerado deplorável.
A avaliação é de que o vice estaria sempre tentando se credenciar como uma espécie de interlocutor privilegiado destes setores com o objetivo de exercer poder na relação com o Estado e junto a setores civis e empresariais, algo considerado condenável no PT, que, por esta razão, trata o vice-governador como uma figura tóxica, do tipo que atrapalha mais do que ajuda aqueles de quem se aproxima.
“Todo mundo sabe qual é o jogo dele (Geraldo Jr.). O problema é que ele parece esquecer que o PT está no poder há quase 20 anos e, neste período, desenvolveu relações com todo mundo. Às vezes, ver ele circulando entre estas pessoas como uma ‘abelha’ faz até rir”, comenta com o Política Livre um auxiliar de Jerônimo, segundo quem o governador está atento aos movimentos do vice e só permite que ele circule como arroz de festa porque, nas horas vagas, aproveita para rir muito dele.
A mesma fonte relata que ainda hoje, cinco meses depois da eleição, o vice é motivo de chacotas por causa do comportamento cada vez mais histriônico e de seu pífio desempenho na disputa à Prefeitura de Salvador, na qual ficou em terceiro lugar, atrás do candidato Kleber Rosa, do nanico PSOL. E completa: “devido à sua vaidade desenfreada o vice às vezes parece esquecer que quem manda é o governador”.
Política Livre