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O presidente dos EUA, Donald Trump (dir.), ao lado do premiê da Irlanda, Micheál Martin, no Salão Oval da Casa Branca, em Washington 12 de março de 2025 | 17:35

Beija-mão na Casa Branca sob Donald Trump supera os de governos Biden e Obama

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A pressão de Donald Trump sobre diversos países tem levado mais líderes estrangeiros a procurarem o republicano em busca de negociações –ainda que o bate-boca durante a visita de Volodimir Zelenski (Ucrânia), no fim de fevereiro, tenha representado um balde de água fria nos esforços diplomáticos de parceiros americanos com Washington.

Em uma cena nunca vista em público no Salão Oval da Casa Branca, Donald Trump e Volodimir Zelenski bateram boca sobre os rumos da Guerra da Ucrânia, levando o visitante a deixar o encontro sem a prevista entrevista coletiva.

“Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz”, escreveu na rede Truth Social Trump enquanto Zelenski ainda estava na sede do governo, onde ficou apenas 2h20min no dia 28 de fevereiro.

Na véspera, Trump havia se reunido com Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, na sexta reunião bilateral na Casa Branca desde que assumiu o governo, em 20 de janeiro —Zelenski foi a Londres após o episódio em Washington.

Nesta quarta-feira (12), o republicano recebeu o primeiro líder após a discussão com Zelenski. O premiê da Irlanda, Micheál Martin, esteve em Washington por ocasião de celebrações do Dia de São Patrício, tradicional na Irlanda e entre descendentes, muitos deles nos EUA.

O dia, que era para ser leve, começou marcado por pequenas tensões. Na primeira parte da agenda, durante um encontro bilateral na Casa Branca, Trump defendeu as tarifas impostas à União Europeia, bloco do qual a Irlanda faz parte, e abordou o déficit com o país, dizendo que os irlandeses estão no grupo dos que se aproveitam dos EUA.

Em pouco mais de um mês de seu primeiro mandato, Trump teve cinco reuniões bilaterais com os seguintes líderes da época: Thereza May (Reino Unido), Shinzo Abe (Japão), Justin Trudeau (Canadá), Binyamin Netanyahu (Israel) e Pedro Pablo Kuczynski (Peru).

O comportamento destoa do seu antecessor, Barack Obama, e de seu sucessor no primeiro mandato, Joe Biden. Obama só teve a primeira visita de um líder estrangeiro na Casa Branca em 24 de fevereiro de 2009, mais de um mês depois de sua posse —foi o então premiê japonês, Taro Aso.

Biden, por sua vez, viveu um período diferente por ter assumido o governo no pico da pandemia de Covid-19. A primeira reunião bilateral foi em 23 de fevereiro de 2021, com Trudeau, o vizinho ao norte.

Trump teve sua primeira reunião bilateral em 4 de fevereiro, com Netanyahu. Naquele dia, Trump afirmou que os EUA assumirão o controle da Faixa de Gaza após o fim da guerra Israel-Hamas. O encontro foi costurado para demonstrar a aliança entre os países —Washington é, historicamente, a principal aliada diplomática e militar de Tel Aviv.

No segundo encontro com um líder estrangeiro, em 7 de fevereiro, Trump recebeu o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba. No mesmo dia, ele ameaçou impor tarifas adicionais aos produtos importados do Japão caso o déficit comercial americano com o país asiático não seja equilibrado.

Já em 11 de fevereiro, o presidente reuniu-se com o rei da Jordânia, Abdullah 2º, e com o príncipe do país, Al Hussein bin Abdullah, em meio à pressão para que o país receba palestinos no seu plano de expulsar a população de Gaza. Foi também a primeira vez que ele recebeu um líder árabe.

O quarto líder estrangeiro recebido por Trump, em 14 de fevereiro, foi o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, com quem fez um acordo para negociar o equilíbrio da balança comercial. A Índia tem sido alvo de comentários do presidente americano por ser uma das que mais cobram tarifas de produtos dos EUA, segundo o republicano. No mesmo dia, Trump fez o anúncio de seu plano de tarifas recíprocas.

No dia 24 de fevereiro, Trump teve a quinta reunião bilateral do novo mandato com o presidente da França, Emmanuel Macron, em um momento em que a mira americana está apontada para a Europa. O republicano tem se aproximado mais do presidente da Rússia, Vladimir Putin, em detrimento da relação com Zelenski e com a União Europeia, grande apoiadora de Kiev na guerra contra Moscou.

Julia Chaib/Folhapress
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