3 junho 2025
Foragido na Argentina, o influenciador digital Leonardo de Jesus, o Léo Índio, sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), reagiu à ordem de prisão preventiva assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Réu na ação do 8 de Janeiro, Índio elevou ainda mais o tom contra o tribunal e disse que o Supremo “faz teatro”. Em uma live na noite da quinta-feira, 3, o influenciador digital disse que outros 500 investigados pelos atos golpistas fugiram para a Argentina, onde dizem buscar asilo político.
No dia do ataque às sedes dos três Poderes, o influenciador digital publicou uma selfie na cobertura do Congresso Nacional, mas depois apagou a foto. Em janeiro ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A Primeira Turma do STF recebeu a denúncia por unanimidade e tornou Léo Índio réu em fevereiro.
Ele é réu pelos crimes de associação criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.
Índio não havia sido proibido de deixar o Brasil, mas estava com os passaportes cancelados. Para entrar na Argentina, basta apresentar a carteira de identidade. Ao pedir a Moraes a prisão preventiva do influenciador digital, a PGR afirmou que Índio mostrou “descaso com a aplicação da lei penal e desrespeito às decisões emanadas pelo Supremo Tribunal Federal”.
“Não creio nessa justiça vinda do STF. O trâmite já não existe mais, a aceitação de recursos não funciona. Minha fé é na anistia (projeto de lei da anistia). Em relação à Justiça brasileira, são apenas teatros que estão sendo feitos. A Justiça tem falta de credibilidade”, disse o sobrinho de Bolsonaro durante uma live no canal do YouTube Marcelo Suave.
Índio atribuiu a seu pai a decisão de ir à Argentina, e disse que não fez “besteira” no 8 de Janeiro, ignorando a gravidade do ataque às sedes dos três Poderes. Segundo Léo Índio, ele e outros investigados pelos atos golpistas buscam fazer “bicos” para se manter naquele país. No cálculo dele, também estão na Argentina 500 pessoas alvos do STF pelo 8 de Janeiro, além de 500 familiares que acompanham esse grupo naquele país.
Também participou da transmissão o militante bolsonarista Oswaldo Eustáquio, que mora na Espanha e está foragido de duas ordens de prisão do Supremo.
No último dia 28, a defesa de Léo Índio afirmou ao Supremo que ele estava na Argentina, em Puerto Iguazú, cidade que faz fronteira com o Paraná. O documento com permissão de residência temporária naquele país é válido até 4 de junho e, segundo os advogados, dá ao réu no STF permissão para morar, ser remunerado, estudar e usar serviços públicos na Argentina. Em um e-mail enviado à Coluna do Estadão, Léo Índio disse ter pedido asilo contra “perseguição política” do STF.
Eduardo Barretto/Estadão