Foto: Divulgação
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) em entrevista após encerrar greve de fome 17 de abril de 2025 | 18:45

Glauber Braga põe fim a greve de fome após aceno de Motta contra cassação

brasil

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) anunciou na tarde desta quinta-feira (17) o encerramento da greve de fome que havia iniciado no último dia 9, após o Conselho de Ética da Câmara recomendar a cassação de seu mandato.

A decisão foi tomada depois que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), concordou com uma negociação para suspender o processo contra Glauber por 60 dias. Na prática, o caso pode ficar parado ao menos até agosto, devido ao recesso parlamentar.

“Após este período, as deputadas e os deputados poderão soberanamente decidir sobre o processo”, afirmou Motta em publicação nas redes sociais.

Em abril de 2024, Glauber expulsou da Câmara com chutes e empurrões um militante do direitista MBL (Movimento Brasil Livre).

Integrantes do PSOL e do PT articularam a construção de um acordo para evitar a cassação do mandato do psolista, enfrentando a resistência de integrantes do centrão, grupo hoje majoritário na Casa.

Hugo Motta se decidiu pela suspensão por 60 dias da tramitação do caso após análise de recurso na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). O objetivo seria dar tempo para uma saída que envolva uma punição menos severa, como uma suspensão do mandato ou uma advertência.

O PSOL organizou uma entrevista coletiva na tarde desta quinta, quando foi anunciado oficialmente o fim da greve de fome de Glauber.

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados recomendou no último dia 9, por 13 votos a 5, a perda do mandato, mesma data em que o congressista do PSOL iniciou a greve de fome. Segundo assessores, ele estava ingerindo apenas apenas água, soro e bebidas isotônicas.

O deputado e aliados improvisaram um colchão ao lado da mesa de coordenação do plenário 5 da Câmara, a mesma sala onde o conselho recomendou a sua cassação.

Eventual cassação do mandato do deputado, se concretizada, representaria uma medida inédita —a primeira vez que um deputado teria essa punição por uma agressão física.

A história da Câmara é repleta de casos de violência que jamais resultaram em perda de mandato —desde socos desferidos por um parlamentar no rosto de uma colega dentro do plenário, em 1991, até episódios recentes que mencionam chutes, soco na barriga, pisão no pé e violência doméstica.

Glauber deve recorrer, possivelmente na próxima semana, à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. À comissão, cabe analisar se o rito do Conselho de Ética foi cumprido. Caso entenda ter havido irregularidades, o caso pode voltar para nova análise no órgão.

Ranier Bragon/Folhapress
Comentários